Morreu em Lisboa um médico infetado com covid-19
Um médico de 68 anos morreu no Hospital de São José, em Lisboa, onde estava internado no Cuidados Intensivos com covid-19 há "um mês e meio". A sua morte foi confirmada por dirigentes da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
É o primeiro profissional de saúde a ser vítima mortal do novo coronavírus em Portugal.
O médico, que terá sido infetado por um colega, estava internado há 46 dias. O clínico era colaborador no Hospital Curry Cabral, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Central, o mesmo do hospital do S. José, mas não fazia parte dos quadros da instituição.
A sua especialidade era Medicina Geral e Familiar. Colaborava com a unidade de saúde "há vários anos", segundo fonte ouvida pelo DN. Não teria fatores de risco associados, segundo a mesma fonte.
"Esta morte vem provar o risco que correm os profissionais que estão na frente do combate", disse o presidente da FNAM, Noel Carrilho, após lamentar e transmitir as condolências à família.
Em declarações ao DN, Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, lamentou a morte do colega e frisou que "todos os médicos deviam ser testados e não só aqueles que estiveram em contacto com casos positivos, até porque podemos não saber se estivemos em contacto com alguém que está infetado", um pedido que tem sido também repetido pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
Jorge Roque da Cunha disse ainda existirem neste momento 12 médicos internados nos cuidados intensivos em todo o país e cerca de 600 infetados (grande parte já recuperada da doença).
O secretário-geral do SIM reiterou à Lusa a "necessidade de um grande cuidado pela parte dos profissionais de saúde e das pessoas, no sentido de não baixar a guarda em relação às medidas de proteção", para mitigar a propagação da pandemia.
O Ministério da Saúde também lamentou a morte do médico que morreu no Hospital de São José, em Lisboa, e endereçou os votos de pesar à família e amigos deste profissional.
Numa nota publicada no Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o ministério de Marta Temido indica que o falecimento deste clínico, na sequência de infeção pelo novo coronavírus, ocorreu "ao início da noite de quarta-feira, dia 17 de junho, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE".
Também a Ordem dos Médicos (OM) já manifestou hoje o seu pesar pela morte deste profissional de saúde e endereçou as condolências à família.
"Que honremos todo o seu esforço e dedicação aos doentes continuando todos nós, como profissionais e como sociedade, a enfrentar esta pandemia com responsabilidade, seriedade e com todos os meios necessários ao nosso alcance", escreve o bastonário da OM, Miguel Guimarães, na nota.
O Presidente da República lamentou também a morte de um médico com covid-19 em Portugal e a esse propósito defendeu que os profissionais de saúde merecem os adequados meios e carreiras no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que esta morte "na frente de combate" à covid-19 vem lembrar "a grande dedicação e risco dos profissionais de saúde na luta contra a pandemia, que pode mesmo atingir o sacrifício supremo da vida".
"Todas as palavras não são demais para sublinhar e elogiar este esforço, que merece mais do que palavras e reconhecimento, merece os adequados meios e as adequadas carreiras no seio do SNS. E também nos lembra que a pandemia ainda não está dominada e que as medidas de precaução continuam a impor-se", acrescenta o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa apresenta "sentidas condolências" à família e amigos do médico que na quinta-feira morreu com covid-19 no Hospital de São José e também ao Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
A pandemia de covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em dezembro do ano passado na China, atingiu 196 países e territórios e provocou mais de 450 mil mortos a nível global, segundo um balanço feito pela agência de notícias francesa AFP.
Em Portugal, onde os primeiros casos foram confirmados no dia 02 de março, morreram 1.524 pessoas num total de 38.089 casos de infeção contabilizados, de acordo com o relatório de quinta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Atualizado às 12:14