Morreu o padre Vítor Feytor Pinto. Tinha 89 anos

Há vários meses que enfrentava problemas de saúde. Esteve durante anos ligado à Paróquia do Campo Grande, no Patriarcado de Lisboa, tendo-se destacado pela ação na Pastoral da Saúde. Funeral marcado para esta quinta-feira.
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O padre Vítor Feytor Pinto morreu esta quarta-feira, aos 89 anos, informou a Paróquia do Campo Grande. Estava há alguns meses a enfrentar problemas de saúde, depois de uma septicemia e de, no último ano, ter sido internado com covid-19, noticia a TSF.

Segundo a Rádio Renascença, que avançou com a notícia, o padre Vítor Feytor Pinto sentiu uma indisposição na terça-feira, tendo sido transportado da Casa Sacerdotal para o hospital, onde veio a falecer.

Esteve durante anos ligado à Paróquia do Campo Grande, no Patriarcado de Lisboa, tendo-se destacado pela ação na Pastoral da Saúde e no diálogo com a sociedade civil.

"Faleceu esta manhã o nosso querido Padre Vítor Feytor Pinto, no Hospital da Luz. Foi para tantos o amigo generoso, o companheiro de caminhada, o padre profundo e feliz e um homem de pensamento que deixa um legado extraordinário. As saudades são muitas, mas sabemos que ele olha por nós, envolvido na "ternura maravilhosa de Deus que nos acolhe", refere a nota divulgada pela paróquia.

Em entrevista ao DN, em dezembro de 2020, o padre Vítor Feytor Pinto, contou como conseguiu superar a covid-19, doença que o levou a estar 40 dias internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. "Experimentei a luta que está a ser feita para recuperar toda a gente com covid-19 e tenho de felicitar o trabalho dos profissionais do SNS", disse, na altura.

"O SNS é fundamental. É a nossa salvação em termos técnicos, tive os melhores cuidados e de forma muito humanizada. É o serviço de todos os portugueses, não há exceções", destacou.

O sacerdote, natural de Coimbra, foi ordenado na Diocese da Guarda a 10 de julho de 1955, tendo ficado ligado à divulgação do Concílio Vaticano II no Movimento "Por um Mundo Melhor"; ao trabalho na Ação Católica e à vivência do 25 de Abril, antes de chegar à reflexão sobre a Pastoral da Saúde e a defesa dos direitos fundamentais; nos últimos anos, destacou-se pelo trabalho na paróquia do Campo Grande, destaca a agência Ecclesia.

Foi Assistente Nacional e Diocesano da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde (ACEPS), Assistente Diocesano dos Médicos Católicos e Assistente Diocesano da Associação Mundial da Federação dos Médicos Católicos (AMCP), para além de ter sido fundador do Movimento de Defesa da Vida, em Lisboa.

Vitor Francisco Xavier Feytor Pinto nasceu a 6 de março de 1932, na freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra, mas cedo mudou-se para Castelo Branco, onde o pai fundou um colégio. Aos 10 anos ingressou no Seminário do Fundão e aos 23 anos foi ordenado sacerdote na Guarda.

Mestre em Bioética e licenciado em Teologia Sistemática, foi admitido em novembro de 2005 pelo papa Bento XVI entre os membros da Família Pontifícia, nomeando-o seu capelão, com o título de Monsenhor.

"A Vida é sempre um valor", "100 entradas para um mundo melhor" e "A palavra vivida" são alguns dos livros escritos pelo Padre Vitor Feytor Pinto.

O padre Feytor Pinto foi também membro do Conselho Pontifício para os Profissionais da Saúde e do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

Além de incorporar diversos organismos públicos, como a coordenação do Projeto Vida - o programa de combate à toxicodependência - ou o Conselho Nacional de Ética, a sua presença tornou-se ainda frequente nos fóruns internacionais, nomeadamente na Organização Mundial da Saúde (OMS), na Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos e no Conselho Pontifício da Pastoral da Saúde, refere também a Ecclesia.

O coordenador nacional da Pastoral da Saúde, padre José Manuel Pereira de Almeida, considerou o padre Vítor Feytor-Pinto um "inovador para o seu tempo".

O padre Feytor-Pinto "foi sempre um inovador para o seu tempo" e "rasgou horizontes", ao fazer a transformação "da pastoral do doente para a pastoral da Saúde", disse à Lusa o atual responsável pela Pastoral da Saúde em Portugal.

"Estava já muito fragilizado" pelos problemas de saúde, "mas deu um exemplo, vivendo o seu sofrimento com otimismo", acrescentou o padre José Manuel Pereira de Almeida, destacando também a grande experiência que Feytor-Pinto "adquiriu como capelão hospitalar".

O velório do padre Vítor Feytor-Pinto tem início às 18.00 horas desta quarta-feira na Igreja do Campo Grande, em Lisboa, estando agendada uma vigília de oração a partir das 21.30, informou o Patriarcado de Lisboa.

Na sua página na Internet, o Patriarcado adianta que a missa exequial tem lugar na quinta-feira, às 11.30, sendo presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente. O funeral seguirá às 14:00 para o cemitério do Alto de São João.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cancelou hoje a sua ida a Tenerife, nas Canárias, em Espanha, a um encontro de ministros da Justiça, com o rei Felipe VI, para poder estar nas cerimónias fúnebres do padre Feytor Pinto.

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