Morreu o médico de Wuhan que trabalhou com o denunciante do novo vírus
Um médico de Wuhan, que trabalhou com o profissional que alertou para o novo coronavírus Li Wenliang, morreu do vírus na semana passada, informou a imprensa estatal chinesa esta terça-feira. Oficialmente esta é a primeira morte por covid-19 na China em semanas.
Hu Weifeng, urologista de 42 anos do Hospital Central de Wuhan, morreu na sexta-feira após ser tratado a covid-19 e outros problemas durante mais de quatro meses, disse a emissora estatal CCTV.
É o sexto médico do Hospital Central de Wuhan a morrer com o vírus, que surgiu na cidade da China no final do ano passado.
Os casos diminuíram drasticamente desde o pico em meados de fevereiro, pois o país parece ter controlado o surto em grande parte.
O número oficial de mortos no país de 1,4 mil milhões de pessoas é de 4.634 - bem abaixo do número de mortes em países menos populosos.
O Hospital Central de Wuhan ainda não fez uma declaração formal sobre a morte de Hu. No início de fevereiro, a unidade informou que cerca de 68 funcionários tinham contraído coronavírus.
A condição de Hu tornou-se uma preocupação nacional depois de a imprensa chinesa mostrar imagens dele com a pele preta devido a danos no fígado.
O colega médico Yi Fan mostrou sintomas semelhantes, mas recuperou e recebeu alta do hospital.
A morte de seu colega Li Wenliang em fevereiro provocou uma onda nacional de tristeza e raiva contra o governo, enquanto o médico documentava os seus últimos dias nas redes sociais.
O oftalmologista de 34 anos foi repreendido pelas autoridades depois de alertar os colegas sobre o vírus no final de dezembro.
Desde então, Pequim nomeou-o mártir nacional, mas suprimiu grande parte da dissidência e das críticas provocadas pela sua morte.
Outros denunciantes médicos do Hospital Central de Wuhan - incluindo o diretor da unidade de emergência Ai Fen - disseram à imprensa chinesa que foram punidos pelas autoridades por se manifestarem.
A China não divulgou um número completo do número de mortes de médicos por Covid-19, mas pelo menos 34 médicos receberam honras póstumas pelas autoridades de saúde.
Em fevereiro, a Comissão Nacional de Saúde disse que cerca de 3.387 profissionais de saúde foram infetados.