Ministro do Ambiente repete: carros a gasóleo vão desvalorizar em quatro anos
O ministro do Ambiente insiste: os carros a gasóleo vão desvalorizar nos próximos quatro ou cinco anos. Palavras repetidas esta quarta-feira, à chegada a Coimbra, depois de toda a polémica gerada depois de ter feito a mesma afirmação numa entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1.
"Aquilo que eu quis dizer não foi contrariado por ninguém. Aquilo que eu disse e foi que muito provavelmente, daqui a quatro cinco anos, quem tiver um carro a diesel vai ter um valor mais baixo na sua troca. Ninguém contrariou. É uma tecnologia a descontinuar", afirmou João Pedro Matos Fernandes.
E fez de questão de justiicar: "Tenho as palavras da Volvo a dizer que 2019 será o último ano em que fabricará carros a diesel, tenho as palavras da Volkswagen a dizer que em 2026 não fará mais veículos a combustão, tenho as palavras do presidente da Renault que diz que os clientes lhe perguntam 'como é que daqui a três anos vou fazer com o meu carro a diesel'", explicou ao chegar Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, à margem da apresentação do "Roteiro para a Neutralidade Carbónica" até 2050, citado pela TSF.
"Achei avisado fazer este aviso", disse o governante que tem sido criticado pelo setor da venda automóvel. A ACAP, associação que representa as marcas, acusou o ministro de se estar a intrometer nas regras do mercado e disse mesmo que alguns clientes cancelaram encomendas de carros a gasóleo depois das suas declarações. Já o ACP considerou as palavras de Matos Fernandes alarmistas.
O ministro quis dar o exemplo e esta quarta-feira chegou à faculdade de carro elétrico - "Têm cada vez mais autonomia, já fui até Vila Real de carro elétrico". Mas explicou que não pode ainda deslocar-se sempre de carro elétrico. "Não estou aqui para enganar ninguém, há ainda muita deslocações que faço, nomeadamente quando se afastam de Lisboa, do Porto, da A1 ou da autoestrada para o Algarve, que ainda não consigo ir de carro elétrico."
Depois da entrevista em que fala da desvalorização dos carros a gasóleo, as críticas não se fizeram esperar. ACAP lamentou que Matos Fernandes "não tenha ponderado o impacto das suas palavras na atividade das empresas do setor automóvel". Em comunicado afirmou ainda: "O sr. ministro, ao proferir esta declaração, deveria ter tido em consideração que a indústria automóvel é a principal indústria exportadora em Portugal e que o setor automóvel é o principal contribuinte líquido do Estado, ao ser responsável por mais de 25% do total das receitas fiscais."