Ministro da Cultura assume insatisfação com Orçamento do Estado

Luís Filipe Castro Mendes substitui João Soares. E quer a RTP como meio para "maior sensibilização dos cidadãos para a cultura"
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O novo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, assumiu hoje a sua insatisfação com o Orçamento do Estado mas desvalorizou-a dizendo que essa insatisfação é geral no governo, começando pelo primeiro-ministro e seguindo-se o ministro das Finanças

"Ninguém dirá que é suficiente e o primeiro a estar insatisfeito é o primeiro-ministro e o segundo o ministro das Finanças", disse o novo governante, após a sessão de cumprimentos que se seguiu à cerimónia no Palácio de Belém em que tomou posse, substituindo João Soares.

Dizendo que "a política é a arte do possível", Castro Mendes - diplomata de carreira, até agora colocado no Conselho da Europa em Estrasburgo, garantiu que atuará procurando "não renegar convicções".

Recusou depois comentar qualquer dossier concreto, dizendo que não falará "antes de os conhecer". A sua prioridade será "criar alianças" (dentro do Estado e entre o Estado e o setor privado) e "apoiar os produtores".

O novo ministro, que sucede na pasta a João Soares, que se demitiu na passada sexta-feira, quer uma "maior sensibilização dos cidadãos para a cultura", e apontou a RTP como um meio para atingir este objetivo.

A cerimónia

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu posse ao novo ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, e aos novos secretários de Estado da Cultura, Miguel Honrado, e da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo.

Os três novos membros do XXI Governo tomaram posse numa cerimónia realizada na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, que durou cerca de três minutos e constituiu a primeira alteração ao executivo do PS.

No início da cerimónia, o primeiro-ministro, António Costa, fez questão de ir dar um abraço forte ao ex-ministro daCultura, João Soares, que no final, recebeu também um abraço do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

João Soares assistiu a esta sessão juntamente com a ex-secretária de Estado da Cultura, Isabel Botelho Leal, que foi igualmente cumprimentada pelo primeiro-ministro.

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Foi notada a ausência de João Wengorovius Meneses, que deixou o cargo de secretário de Estado da Juventude e do Desporto em "profundo desacordo" com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

A maioria dos ministros do XXI Governo assistiu à cerimónia. As exceções foram os titulares das pastas das Finanças, da Ciência, da Economia e do Mar. Os presidentes da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e do Tribunal Constitucional, Joaquim Sousa Ribeiro, também marcaram presença.

Na sessão de cumprimentos, estiveram presentes, entre outros, as deputadas do PS Edite Estrela, Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura, e Inês Medeiros, a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa Catarina Vaz Pinto, o poeta Nuno Júdice e o ensaísta Eduardo Lourenço, que é conselheiro de Estado.

Esta alteração da composição do executivo do PS acontece menos de cinco meses após a sua entrada em funções, e resultou de duas demissões.

João Soares anunciou a sua demissão do cargo de ministro da Cultura na sexta-feira, na sequência de um comentário polémico que colocou no Facebook, em que prometia "salutares bofetadas" aos colunistas Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente.

Os nomes do novo ministro da Cultura, o embaixador Luís Filipe de Castro Mendes, e do novo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, foram divulgados no domingo, na página da Presidência da República na Internet.

Na terça-feira à noite, foi também pela página na Internet da Presidência da República que se soube que o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Wengorovius Meneses, iria ser substituído no cargo por João Paulo de Loureiro Rebelo.

Horas mais tarde, a demissão de João Wengorovius Meneses, a seu pedido, foi confirmada pelo Ministério da Educação. Posteriormente, o próprio, num comentário no Facebook, disse ter saído do Governo "em profundo desacordo" com o ministro da Educação em relação às políticas seguidas e "ao modo de estar" no exercício de cargos públicos.

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