Armas à solta? "Não temos dados para dizer que corresponde à verdade"
A instituição militar recebeu com surpresa a notícia deste sábado sobre a alegada existência de material militar ainda desaparecido dos paióis de Tancos, dizendo que cabe ao Ministério Público (MP) explicar o que sabe, disseram várias fontes ao DN.
Fonte oficial do gabinete do ministro Azeredo Lopes reafirmou a posição já expressa de que aguardam pelo resultado das investigações a cargo do MP e da PJ, escusando-se a fazer quaisquer outros comentários à notícia deste sábado do semanário Expresso.
"Não temos dados para dizer que [a listagem feita pelo MP] corresponde à verdade", afirmou uma fonte da PJM ao DN, remetendo para o MP e a PJ (enquanto titulares da investigação) e para o Exército - responsável pelos paióis e pela listagem do material - quaisquer esclarecimentos.
"A PJ precisa de tempo e esta é uma excelente motivação para prorrogar o prazo da investigação", comentou outra fonte militar, lembrando implicitamente que são os investigadores civis a ter de dar as explicações que o Presidente da República voltou a exigir este sábado.
Com várias fontes a estranharem haver uma listagem tão pormenorizada das quantidades de material que alegadamente continua desaparecido, algumas delas insistiram que cabe aos responsáveis da investigação fundamentar a informação e o porquê de, "se for verdade", terem colocado telefones da PJM sob escuta.
Note-se que os investigadores militares excluíram desde o início, ao contrário da PJ e do MP, eventuais ligações ao terrorismo - que o MP voltou a invocar no documento citado pelo Expresso - na origem do furto devido ao material furtado e, principalmente, ao que ficou nos paióis.
Outra fonte militar, lembrando que o Exército reconheceu aquando da recuperação do material furtado que faltavam as munições de 9 mm, expressou dúvidas sobre se o material que o MP diz estar desaparecido estava mesmo nas instalações de Tancos.
Certo é que o Exército é que tinha a responsabilidade pelos paióis - tendo assumido que eram deficientes os registos do que entrava e saía - e foi quem divulgou a listagem do material recuperado (incluindo o que desconhecia ter sido furtado e deu origem a uma punição disciplinar interna) e do que ainda faltava, referiram fontes da PJM.
Por isso é que o Exército e em particular o seu chefe, general Rovisco Duarte, ficam publicamente fragilizados com a informação escrita no recurso do MP citado pelo Expresso numa "notícia muito alarmante" devido à sua natureza reconheceu uma alta patente militar.