Medina perdeu 25 mil votos. Esquerda tem maioria na Câmara e Assembleia Municipal
Na grande surpresa da noite eleitoral, Lisboa virou à direita e deu a vitória à coligação liderada por Carlos Moedas que, com mais 2801 votos do que a soma do PSD e do CDS nas autárquicas de 2017, foi eleito para a presidência da autarquia.
Mas o desfecho eleitoral, que só foi conhecido já cerca da uma da manhã, explica-se mais pelas perdas do PS - Fernando Medina perdeu 25 215 votos face aos resultados de 2017, quase um quarto da votação de há quatro anos. Medina teve então 106 mil votos, 42% do total. Agora ficou-se pelos 33%, percentagem correspondente a 80 822 votos.
Não é claro para onde foram todos estes votos. Alguns poderão ter ido para a CDU, que aumentou o score eleitoral em 2808 votos, mantendo os mesmos dois lugares que já tinha na vereação.
Também o Bloco de Esquerda, que tinha um acordo com Medina no executivo municipal, mantém-se com um vereador, embora conte menos 2962 votos.
Chega e Iniciativa Liberal não conseguiram eleger nenhum vereador, com Nuno Graciano, candidato do Chega, a ficar algumas centenas de votos à frente de Bruno Horta Soares., ambos na casa dos 10 mil votos. O mesmo é válido para o PAN - não conseguiu eleger nenhum vereador - e perdeu mais de 1000 votos face à eleição anterior.
Feitas as contas, a direita ganha a Câmara de Lisboa, mas a esquerda tem a maioria dos assentos na vereação - socialistas, comunistas e bloquistas somam dez vereadores, enquanto a coligação "Novos Tempos" conta sete. O que significa que o novo presidente da Câmara de Lisboa terá que negociar todas as propostas que levar ao executivo, sob pena de as ver chumbadas. Até porque na Assembleia Municipal, o cenário é semelhante: PSD e CDS venceram, mas a esquerda somada tem mais deputados municipais.
Medina e Moedas conseguiram 17 assentos cada um, a CDU seis, o Bloco de Esquerda quatro, a Iniciativa Liberal e o Chega três deputados municipais cada um, enquanto o PAN elegeu um assento (perde um face ao mandato anterior).
Os maus resultados da coligação que uniu o PS e o Livre de Rui Tavares também se refletem nas freguesias. Cinco mudaram de mãos, dos socialistas para o "Novos Tempos": Arroios, Parque das Nações, Avenidas Novas, Lumiar e Alvalade.
O caso de Arroios é particularmente paradigmático, com Margarida Martins - que estava na presidência da junta de freguesia desde a reforma administrativa da cidade, em 2012 - a perder a reeleição para o terceiro mandato, dando o lugar a Madalena Natividade, candidata independente pelo CDS, nas listas lideradas por Moedas. Margarida Martins cai dos 39,9% dos votos há quatro anos para 23,8%, um enorme tombo de 16 pontos percentuais.
As 24 freguesias da capital continuam divididas entre socialistas e sociais-democratas e centristas . Os primeiros têm 13 presidências de junta: Ajuda, Alcântara, Misericórdia, Santa Maria Maior, Penha de França, São Vicente, Campolide, Beato, Marvila, Olivais e Santa Clara. Um pormenor: Pedro Costa, filho do primeiro-ministro, foi eleito presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique à tangente, por apenas 25 votos.
Já a coligação "Novos Tempos" soma 10 presidências. Além das cinco novas (Arroios, Parque das Nações, Avenidas Novas, Lumiar e Alvalade), mantém Belém, Estrela, Areeiro, Santo António e São Domingos de Benfica.
A única exceção a esta divisão é Carnide, que continua a ser liderada pela CDU, aumentando o score face há quatro anos.