Médico-chefe de hospital onde Navalny foi tratado desapareceu
O antigo responsável do hospital na Sibéria, onde o opositor russo Alexey Navalny foi inicialmente tratado, depois de ter sido envenenado em agosto, desapareceu. De acordo com a agência de notícias estatal TASS, Alexander Murakhovsky foi dado como desaparecido no sábado, depois de participar num evento de caça.
Na sexta-feira, Murakhovsky, atual responsável pela saúde na região de Omsk, terá deixado uma das bases do evento de caça em direção à floresta num veículo todo-o-terreno, uma moto-4. Desde então nunca mais foi visto.
O Ministério do Interior de Omsk fez saber, embora sem mencionar nomes, que as autoridades estavam à procura de um homem dado como desaparecido no distrito de Bolsheukovsky.
"A 8 de maio de 2021, o Ministério de Assuntos Internos da Rússia para a região de Omsk recebeu uma mensagem de que em Pospelovo, distrito de Bolsheukovsky, um residente de Omsk, nascido em 1971, deixou a base de caça" em direção à floresta num moto-4.
No comunicado, o Ministério refere que pessoas próximas do médico tentaram saber do seu paradeiro, mas sem sucesso, tendo depois dado conhecimento à polícia do desaparecimento.
Além de elementos da polícia e dos serviços de emergência, voluntários participam nas buscas pelo antigo médico-chefe do hospital onde o opositor russo foi tratado.
Os trabalhos estão, no entanto, a ser dificultados pelo "terreno difícil" da região, com "áreas pantanosas intransitáveis", explicam as autoridades, pelo que estão a ser usados drones e helicópteros nas operações de busca e resgate.
A moto-4 já foi localizada. Encontrava-se a 6,5 quilómetros do local onde o médico foi visto pela última vez.
De referir que a 20 de agosto, Navalny foi internado no Hospital de Emergência nº 1 de Omsk, na Sibéria, e Murakhovsky era o médico-chefe. Aos jornalistas não confirmou as suspeitas de envenenamento, indicando que Navalny sofria de "um distúrbio metabólico", que provocou uma quebra dos níveis de açúcar no sangue.
De médico-chefe do hospital siberiano passou a responsável regional da saúde de Omsk, uma promoção que aconteceu em novembro de 2020.
Navalny reagiu a esta promoção dando a entender que se tratou de uma recompensa pelas mentiras e os resultados falsos de exames que foram apresentados à comunicação social sobre o seu estado de saúde durante o tempo em que esteve internado.
Antes do desaparecimento de Murakhovsky, em fevereiro deste ano, Sergey Maximishin, o médico-chefe adjunto do mesmo hospital siberiano, morreu devido a um ataque cardíaco. Tinha 55 anos. Era o número dois do departamento de anestesiologia e ressuscitação desta unidade hospitalar.
No final de março, o responsável pelo departamento de trauma e ortopedia do hospital de Omsk também morreu, três meses depois de ter sofrido um enfarte.
"Em dezembro do ano passado, Rustam Agishev [63 anos] sofreu um enfarte e não foi capaz de recuperar", segundo um comunicado, citado pela Radio Free Europe/Radio Liberty, que não aponta para possível mão criminosa por detrás da causa da morte.
Navalny foi tratado no hospital de Omsk depois de o avião em que seguia (fazia a ligação entre Tomsk e Moscovo) ter feito uma aterragem de emergência, porque o opositor do presidente russo, Vladimir Putin, se sentia mal. Terá sido sido envenenado com o agente químico novitchok.
Navalny acabaria por ser transferido para um hospital na Alemanha, regressando em janeiro à Rússia onde foi condenado a dois anos e meio de prisão por um caso de fraude, relativo a 2014.