"Respeito todas as decisões de um Parlamento democrático, mas dito este respeito, considero que a votação do Parlamento Europeu, não permitindo o prolongamento do acordo de pesca com Marrocos, é um erro, quer do ponto de vista da Europa, quer do ponto de vista de prejudicar países como Portugal", afirmou Paulo Portas..O ministro falava aos jornalistas, no Parlamento, após um debate de urgência sobre as conclusões do Conselho Europeu, pedido pelo Bloco de Esquerda..Questionado sobre se o Governo poderá avançar para um acordo Portugal/Marrocos, Portas respondeu: "Teremos que usar de todo o talento e de todo o esforço para que, no quadro da União Europeia e das relações que temos com o reino de Marrocos, saber tornar muito claro que a esmagadora maioria dos deputados portugueses votou pela continuação do direito dos nossos pescadores operarem em Marrocos e que isto não prejudique as relações entre os dois países".."Obviamente trabalharemos para que desta decisão [do Parlamento Europeu], que eu respeito mas discordo, não venham piores consequências para nós", acrescentou..O ministro referiu que "o número de embarcações [portuguesas] que estão ao abrigo deste acordo é limitado", tendo esta decisão consequentemente um "impacto" também limitado, mas "as pessoas são prejudicadas e evidentemente toda a gente entende que Portugal tem que poder pescar, tem que poder trabalhar".."Uma decisão destas não facilita a vida dos pescadores portugueses", frisou. .Paulo Portas considerou a decisão "um erro do ponto de vista da Europa" porque ignora os acontecimentos das "primaveras árabes".."Marrocos acaba de fazer eleições, tem uma nova Constituição, fez uma abertura política, é parceiro do ponto de vista comercial da União Europeia, é o nosso vizinho a Sul imediato. Não é, a meu ver, adequado ter uma posição de hostilidade como esta votação manifesta", argumentou..Também a ministra da Agricultura, Mar e Ambiente já tinha definido hoje como "pouco compreensível" a rejeição europeia do acordo de pesca com Marrocos, advertindo que as embarcações com licenças pagas devem ser compensadas com fundos comunitários.."É importante compensar as embarcações que já pagaram a sua licença para poderem pescar naquelas águas", disse Assunção Cristas aos jornalistas em declarações em Bruxelas..O Parlamento Europeu rejeitou na quarta-feira em Estrasburgo, a prorrogação do protocolo ao acordo de pesca entre a União Europeia (UE) e Marrocos e instou a Comissão Europeia a velar por que o futuro protocolo respeite plenamente o direito internacional e beneficie todas as populações locais afectadas, incluindo a população sarauí..Esta medida afecta imediatamente três embarcações portuguesas, sendo que apenas uma está actualmente a pescar em águas marroquinas, e faz caducar as duas licenças já pagas para o primeiro trimestre de 2012, num total de 14 disponíveis para Portugal.