Mário Nogueira acusa Costa de "má fé" e considera que "a negociação está esgotada"

Sindicatos falam em reunião "para cumprir calendário", após as declarações do primeiro-ministro, mas acreditam em solução pelo parlamento
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O líder da Fenprof, Mário Nogueira, assumiu a convicção de que "a negociação esta esgotada" com o governo, remetendo para o parlamento ou para a luta sindical a solução do braço-de-ferro em torno do tempo de serviço.

As declarações aconteceram ao fim de pouco mais de uma hora de reunião para a qual Nogueira entrou acusando o primeiro-ministro de "má fé" e de onde saiu declarando que Costa não só "desrespeitou os professores como a Assembleia da República.

Foi o desenlace esperado, depois das trocas de recados que antecederam a ronda negocial.

Com zero expectativas, depois das declarações de membros do governo, os sindicatos de professores entraram por volta das 16.10 no Ministério da Educação, já então apontando para uma solução por via do parlamento.

Depois de o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter anunciado no sábado não existir qualquer margem para melhorar as propostas aos professores (e aos enfermeiros) e de António Costa se ter hoje declarado surpreendido pelo facto de os sindicatos continuarem a exigir a devolução da totalidade dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço, Mário Nogueira, da Fenprof, assumiu à entrada que seria preciso pouco mais do que um milagre para haver acordo.

"Fiquei com a sensação de que o que se vai passar hoje é pouco mais de nada", disse, devolvendo a António Costa a acusação de "intransigência" e acrescentando a de "má-fé", por o primeiro-ministro alegadamente ter exigido abertura no que os sindicatos consideram não ser negociável: o tempo a devolver.

Defendendo que a lei do Orçamento do Estado apenas prevê a negociação do prazo e do modo desta devolução, e lembrando que na Madeira e nos Açores já foi aprovada a devolução de todo o tempo congelado, Nogueira manifestou-se confiante de que a questão "ficará resolvida nesta legislatura". Mas por via "da Assembleia da República".

Os sindicatos entregaram ainda assim uma proposta de negociação assente na solução da Madeira, que prevê a recuperação de 545 dias por ano até 2025, e um abaixo-assinado subscrito por 60 mil docentes.

Os sindicatos reúnem-se amanhã de manhã para avaliar "se vale a pena" ainda voltar a reunir com o governo, a 4 de Março, e para decidir acções de luta, com a promessa de que se não houver solução - negocial ou através do parlamento - teremos "um final de ano lectivo muito difícil".

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