O secretário-geral do PS admitiu este sábado que houve causas nacionais em algumas derrotas e situações de perda de votos do seu partido nas últimas eleições autárquicas, pedindo reflexão interna e atenção à voz dos cidadãos..Esta análise aos resultados das eleições de 26 de setembro foi feita por António Costa no seu discurso perante a Comissão Nacional do PS, reunião que decorre em Lisboa..No seu discurso, que foi aberto aos jornalistas, o líder socialista insistiu na tese de que o PS "ganhou as autárquicas qualquer que seja o critério de análise dos resultados eleitorais"..No entanto, logo a seguir, observou que "também é verdade que o PS tem menos 12 presidências de câmaras do que há quatro anos".."Muitos dirão que é normal e que algum dia teríamos de começar a ter um resultado não melhor do que o anterior. Foi desta vez. Mas também temos menos votos e menos mandatos. Portanto, é um momento que o partido deve refletir e ponderar bem sobre o que aconteceu nas eleições autárquicas", disse..Sem se referir a casos concretos de derrotas em algumas câmaras municipais, o secretário-geral do PS defendeu que no seu partido se sabe "seguramente" que em muitas autarquias as causas de se ter perdido "serão sobretudo locais".."Mas em outras não são seguramente locais e há uma explicação nacional para esses resultados. É importante que façamos essa reflexão, porque estamos há seis anos no Governo, ganhámos sucessivamente as eleições a que nos temos apresentado desde então e é importante que o partido saiba escutar a voz dos cidadãos", declarou..António Costa pediu depois para que se ouça a voz dos cidadãos, "com humildade", tendo em vista "corrigir o que deve ser corrigido, incentivar o que deve ser incentivado e acelerado o que merece ser acelerado".."Este é o momento. Por isso, este debate de hoje na Comissão Nacional é muito importante, porque é o momento de relançamento da atividade do partido para os próximos dois anos até ao final da legislatura", acrescentou..A antiga ministra e ex-candidata presidencial Maria de Belém lidera a lista única para a Comissão Política dos socialistas e o atual secretário de Estado João Galamba, ex-porta-voz do partido, abandona o Secretariado Nacional do PS..Estas são duas das mudanças mais significativas nas listas propostas pelo secretário-geral, António Costa, para o Secretariado (direção) e a Comissão Política, órgãos que estão a ser eleitos em reunião da Comissão Nacional do PS..Para o Secretariado Nacional do PS, entram ex-membros de governos socialistas como Bernardo Trindade, Jamila Madeira, João Tiago Silveira e Susana Amador, tal como a reeleita presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares..Deste órgão de direção saem o secretário de Estado da Energia, João Galamba, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e José Manuel Mesquita..No Secretariado Nacional do PS vão continuar as ministras Mariana Vieira da Silva, Alexandra Leitão, Ana Mendes Godinho e Graça Fonseca, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues e o ex-autarca de Lisboa Fernando Medina..Continuam no Secretariado Nacional o ministro Pedro Nuno Santos e dirigentes como Porfírio Silva, Pedro Marques, Isilda Gomes (presidente da Câmara de Portimão), o deputado Marcos Perestrello, João Torres, João Azevedo e Pedro Cegonho (estes dois últimos ambos adjuntos)..Luís Patrão, responsável máximo pelas finanças deste partido, e Maria da Luz Rosinha, que coordenou o pelouro das autarquias, que até agora eram membros da Comissão Permanente do PS, vão integrar o Secretariado Nacional..A lista única para a Comissão Política do PS, encabeçada por Maria de Belém, que foi presidente dos socialistas entre 2011 e 2014, sob a liderança de António José Seguro, tem dez elementos indicados pela tendência minoritária de Daniel Adrião num total de 65 efetivos.