Marcelo, o europeísta, com Moliére no palco e a esquerda no bolso

Presidente antecipa que amanhã fará "discurso simbólico" para afirmar a pertença e a construção europeia como pilar da política externa portuguesa
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O Presidente da República mostrou hoje, na chegada a Estrasburgo, que a política externa portuguesa tem hoje duas cabeças: a do governo e a da Presidência. E aí, Marcelo não quer deixar dúvidas de que o que irá reafirmar amanhã no Parlamento Europeu é "uma constante fundamental da política externa portuguesa, que é a pertença europeia e o empenhamento da construção europeia".

Marcelo diz que o "otimismo" que tem sobre todos os assuntos "cabe também na realidade europeia", admitindo que amanhã irá mencionar "alguns dos desafios que se colocam hoje à Europa, que são desafios que se colocam a Portugal. Não há uma realidade Europa de um lado, Portugal do outro. Nós e eles somos todos nós".

O Presidente lembrou também a "capacidade de resistência própria dos portugueses" e voltou a dizer o que repetiu várias vezes na campanha: que "as saídas das crises não são rápidas, nem fáceis" e dependem naturalmente do contexto europeu".

Marcelo fez rasgados elogios aos eurodeputados, que recebeu na residência do embaixador de Portugal junto do Conselho da Europa, Luís Castro Mendes, que será o futuro ministro da Cultura. Também para o futuro governante houve elogios. E Castro Mendes garantiu que acompanhará Marcelo na estreia do Impromptu de Versalhes, no Teatro D.Maria II esta semana no dia da tomada de posse. Aliás, o clima entre os socialistas (incluindo os eurodeputados) e o Presidente não podia ser melhor.

E até mais à esquerda. A eurodeputada e também ex-adversária de Marcelo nas presidenciais, Marisa Matias, foi ainda ontem - na receção aos deputados na casa do embaixador português no Conselho da Europa e futuro ministro da Cultura - alvo de uma pequena "vingança".O Presidente, com tom divertido disparou: "Aqui está a deputada mais mediática. É a minha vingança. Agora sou eu que a vejo na televisão todos os dias, depois de ter levado tanta pancada porque a minha presença na televisão era campanha".

O Presidente quer uma Europa mais forte e um Portugal mais forte na Europa, mas como disse Moliére - o dramaturgo da peça que Marcelo irá ver - é "longo o caminho que vai do projecto à coisa." Para retirar pressão, o Presidente o discurso de amanhã no Parlamento Europeu é "uma intervenção simbólica" e não pretende resolver todos os problemas da Europa.

Quanto à política nacional, Marcelo acredita que é possível ir ainda mais longe, voltando a falar na possibilidade de reformas no sistema político e da saúde. Mostrou-se ainda preocupado com o sustentabilidade do sistema financeiro, que tem estado no topo das suas preocupações, uma vez que "não há crescimento da economia sem financiamento".

Marcelo discursa amanhã no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre os 30 anos de Portugal da União Europeia, a crise dos refugiados e o terrorismo.

Estrasburgo

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