Marcelo. "Esta é uma guerra! Quanto mais depressa formos mais depressa salvamos vidas"
"Esta é uma decisão excecional para um tempo excecional", começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa esta quarta-feira à noite, quando se dirigiu aos portugueses para lhes justificar a declaração do estado de emergência para combater a pandemia da covid-19. Portugueses que sabe estarem divididos. "Há os que já o reclamavam, há os que o consideram prematuro e perigoso". O que não o impediu de avançar e de lembrar que foi eleito precisamente para tomar decisões como esta perante uma crise sem precedentes. E com um primeiro-ministro solidário, mas reticente.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que esta pandemia "vai ser mais intensa e durar no tempo" e um desafio ao Serviço Nacional de Saúde, à nossa maneira de viver e à nossa economia, em quase todas as áreas de atividade. "Esta é uma guerra! Porque é de uma guerra que se trata", disse.
Lembrou que Portugal confrontou-se com o novo coronavírus mais tarde do que o resto da Europa e que apostou na contenção para "ganhar tempo de resposta". "O SNS fez e continua a fazer heroísmo", tal como os que distribuem os bens essenciais, Mas apesar de os portugueses se terem "disciplinado" e de serem "exemplares, numa "quase quarentena", entendeu Marcelo que "devemos aprender com os outros (países) e poupar etapas". Ou seja, adotar mais cedo as medidas que a Itália, Espanha e França acabaram por tomar com a pandemia já a alastrar de forma incontrolada.
Enunciou as cinco razões que o levaram a decretar o estado de emergência. A começar precisamente pela "antecipação", que foi conjugada entre todos os órgãos de soberania. "Este é um sinal político dado pelo Presidente da República, governo e Assembleia da República, é uma afirmação de solidariedade institucional para o que tiver de ser feito". Um pouco mais tarde frisava que as guerras se ganham se todos estiverem juntos.
A "prevenção" foi outra das razões para a medida excecional, que nunca tinha sido acionada em democracia. "Vale mais prevenir do que remediar", Marcelo socorreu-se do ditado popular para dizer que as soluções que contemplou no decreto do estado de emergência não são concretas, dão espaço ao governo para adotar as que considerar necessárias e as calibrar.
Seguiu-se a "certeza" do que foi lavrado no decreto, para mais tarde ninguém contestar os fundamentos de qualquer decisão tomada durante a pandemia. E a "contenção", porque não "atinge os direitos fundamentais" dos cidadãos. Por fim, a "flexibilidade", que determina um período de emergência nacional por 15 dia que será revisto em função da evolução da disseminação da covid-19. "Dá poderes ao governo mas não regidifica o seu exercício".
Marcelo garantiu para os mais céticos: "Não é uma interrupção da democracia. É a democracia a tentar impedir uma interrupção na vida das pessoas". Frisou ainda que não se trata se uma solução milagrosa e que resolverá tudo num curto espaço de tempo. "Não é uma vacina!" Mas "quanto mais depressa formos, mais depressa podemos salvar vidas", e rendimento das famílias e das empresas. Marcelo alertou para a importância de não parar a produção porque é necessário manter a nossa economia que, mesmo em tempo de guerra, continua a funcionar.
Nas guerras só descobre "inimigos" efetivos e insidiosos que são o "desalento, o cansaço e a fadiga do tempo que não chega ao fim". A luta será combater estes sentimentos e por isso, as palavras de ordem que elegeu foi "resistir, solidariedade e coragem". Num caminho de "verdade".
"Nesta guerra ninguém mente", disse dando a sua garantia como Presidente da República. "O caminho é longo, difícil e ingrato. Não duvido é que vamos vencê-lo".