Marcelo elogia resposta a acidente com Alfa Pendular. "Foi impressionante"
"Foi impressionante", disse o Presidente da República, este sábado, em declarações aos jornalistas, elogiando a resposta da Proteção Civil ao acidente provocado pela colisão entre um Alfa Pendular e um Veículo de Conservação de Catenária, na sexta-feira, em Soure (Coimbra), provocando a morte de duas pessoas e dezenas de feridos. "Para o número de passageiros que circulava, foi um número muito reduzido de vítimas. Sempre a lamentar, mas foi um número muito reduzido", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa compareceu ao lado do Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que lembrava que "um comboio, nesta zona, pode atingir a velocidade máxima". Segundo uma Nota Informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), publicada no site do organismo, o veículo de conservação passou um sinal vermelho e entrou na Linha do Norte.
No entanto, o Presidente da República pede cautela nas conclusões a retirar sobre o acidente. "Na vida, sabemos que os sistemas nem sempre funcionam e as pessoas também não. Por respeito a elas e aos seus familiares, tudo isto tem de ser gerido com verdade e com precaução. Mais vale demorar um pouco mais e dar um retrato mais fino e próximo da realidade do que dar um retrato que tem de ser corrigido ao longo do tempo", alertou. "Daí também ser importante ter a noção exata da dimensão e não generalizar."
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que este episódio levantou um debate sobre a representação da ferrovia no país, "quanto à segurança, quanto à importância".
Aproveitou também a oportunidade para elogiar a ação do ministro Pedro Nuno Santos, que, de "forma rápida e empenhada", "dirigiu, coordenou, esteve presente, não largou" o local do acidente.
Questionado pelos jornalistas sobre a ausência de declarações das Infraestruturas de Portugal (IP) desde o acidente, Pedro Nuno Santos disse que, "na segunda-feira ou no início da próxima semana, dará todos os esclarecimentos necessários sobre o que aconteceu".
A Infraestruturas de Portugal (IP) comprometeu-se, há dois anos, com a instalação do sistema de controlo automático de velocidade (CONVEL) em Veículos de Conservação de Catenária (VCC), mas a medida, "sujeita a cabimentação financeira", nunca avançou.
O compromisso consta num relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgado em julho de 2018, e é uma resposta a uma recomendação de segurança deste organismo, que alertou para o risco de estes veículos circularem sem o sistema CONVEL, após um deles ultrapassar "indevidamente" um sinal vermelho na estação Roma-Areeiro, em Lisboa, em janeiro de 2016.
Esta entidade revela que "os VCC, tal como a generalidade dos veículos de manutenção de via no nosso país, não estão equipados com o sistema CONVEL, motivo pelo qual não foi desencadeada a frenagem automática resultando na consequente imobilização do VCC 105 antes de atingir um ponto de perigo".
Um dos técnicos no local, este sábado, ao lado do Presidente da República e do ministro Pedro Nuno Santos, garantiu que uma das vias da Linha Norte, interrompida, terá a circulação novamente reposta.