Joaquim viveu sete meses na rua. Já tem emprego graças a jovem casal solidário
Joaquim Sá chegou a França, com mulher e filhos, há sete anos. A sua experiência como cozinheiro - começou a trabalhar em Portugal com 15 anos, garantiu um emprego até ao dia em que o patrão deixou de pagar e acabou desempregado. Aos 48 anos, decidiu que a família regressaria a Portugal, enquanto permanecia em Bordéus. Há sete meses que vivia na rua, como sem-abrigo. Dormia junto à estação de comboios de Bordéus e sentava-se nos passeios com um cartaz em que se lia um pedido: "Bom dia. Procuro emprego. Obrigado a todos os que me ajudarem a comer."
A sua sorte começou quando Antoine Tellechea, um jovem notário de Bordéus, e a namorada se cruzaram com ele na rua. "Fiquei impressionado e conversei com ele. Contou-me a sua história e pensei em fazer alguma coisa para o ajudar. Foi a minha namorada que teve a ideia de colocar no Facebook na plataforma social 'Wanted Community Bordeaux' um pedido de ajuda, um emprego para este homem", contou ao DN Antoine Tellechea, muito satisfeito com o resultado da publicação no facebook desta plataforma de ajuda social que existe em vários países e que em França tem mais de 900 mil seguidores.
Em poucos dias, caíram muitos mensagens de apoio e, mais importante, de oferta de emprego. Foi o caso da cadeia de restaurantes Bistro Regent, com dezenas de estabelecimentos em França, ofereceu ao português uma oportunidade. Depois de alguns dias de experiência, agradou e assinou contrato sem termo certo. "É fantástico, Joaquim merece e isto aconteceu graças à página Wanted Community", diz Antoine Tellechea, que segunda-feira irá com Joaquim visitar um apartamento. Foi também alguém que leu a história que informou ter um espaço disponível. Para já, Joaquim dorme num quarto que o patrão lhe arranjou por um mês. "Está feliz", resume Antoine. O objetivo é que no apartamento a alugar Joaquim Sá possa reunir de novo a família.
No apelo que colocou no Facebook, Antoine referiu que Joaquim trabalhou 33 anos da sua vida como cozinheiro, e que após quatro meses receber em França teve de fazer regressar a família a Portugal. Mas não desistia de trabalhar em Bordéus. Acabava com a mensagem que "uma partilha pode mudar uma vida". Antoine,22 anos, e a namorada Margaux Marchand ficaram impressionados com as mais de 80 ofertas que surgiram.
Nicolas Ferrand, gerente do restaurante, contou que está sempre à procura de cozinheiros com vontade de trabalhar e encontrou na história de Joaquim alguém com o perfil. "Após um período a mostrar o que sabia fazer, fizemos um contrato", explicou.
Os jornais e televisões franceses têm contado esta história de solidariedade, realçando o empenho do jovem casal francês. Como explicar que Joaquim Sá não tinha emprego? "Ele fala francês mas muito mal, às vezes é complicado", diz o francês. A língua pode ter sido um entrave a uma maior facilidade para o português conseguir emprego. Nesta história, tudo se passou com franceses a ajudar o português. A comunidade portuguesa não entra no final feliz.