Os cidadãos italianos a viver em Portugal passaram de 8523 (2016) para 12 927 (2017), mais 4407. Entraram quase tantos franceses, 4012 (de 11 293 para 15 319) e 3047 cidadãos do Reino Unido (de 19 384 para 22 431)..O geógrafo Jorge Malheiros explica que a imigração tem vindo a diversificar-se, não só em termos de nacionalidades como das causas que a motivam. "No caso dos italianos, um dos aspetos mais interessantes tem a ver com os jovens que não encontram trabalho em Itália e, aqui, a proximidade linguística e cultural é importante. O mercado laboral em Itália está muito complicado para os jovens, é mais fácil em Portugal e desde que as pessoas aceitem a precariedade. Encontramos em alguns sítios pequenos clusters italianos, por exemplo na investigação. E também me parece que houve aqui o efeito rede, que ajudou a que o número de italianos aumentasse nos últimos anos.".Italianos, franceses e britânicos são as nacionalidades comunitárias que mais cresceram e mais contribuíram para o aumento do número de residentes da UE no país, mais 15,8% comparativamente ao ano anterior..Veio gente de toda a zona comunitária. O número de suecos aumentou 35,4 % (são agora 3564), os irlandeses 29,7 % (1337), os belgas 23 % (3508), os polacos 20,4 % (1898), os finlandeses 16,5% (1153), os holandeses 14,6 % (7837) e os espanhóis 12,5 % (12 526)..O especialista em migrações sublinha que a entrada de cidadãos da UE - e estamos a falar sobretudo dos oriundos dos países anteriores ao alargamento de 2004 - sempre se verificou, mesmo durante a crise económica, só que nos últimos anos houve um aumento significativo. Tem várias razões para o explicar: estudos, emprego, estilo de vida, a boa imagem conquistada por Portugal.."Há uma componente de estudantes do ensino superior e de investigadores oriundos de países onde a compreensão do português é mais fácil, de Itália e Espanha mas também França, neste último caso devido às origens familiares. É uma componente menor mas é a primeira componente", começa por enumerar Jorge Malheiros..Existe, depois, "uma componente de profissionais qualificados para empresas europeias ou para se estabelecerem por conta própria, o que se deve aos benefícios fiscais, mas também à imagem do país (tranquilo, em crescimento e com boas ligações à Europa"..Os reformados europeus continuam a entrar. "Este grupo junta os benefícios fiscais ao clima e alimentação, bons serviços, o preço da habitação que até há dois anos era barata e, mesmo hoje, ainda custa menos do que em Paris ou Londres.".A quarta componente "é composta por estrangeiros mais qualificados que vêm para serviços menos qualificados, sendo o melhor exemplo os call centers . As empresas instalam-se em Portugal, com serviços que servem particularmente o mercado espanhol, italiano, holandês e português, recorrendo a essas imigrantes". E, há, também, os alternativos, "os imigrantes do estilo de vida, que se instalam em zonas rurais, tranquilas, em áreas do Alentejo ou da Beira Interior"-.É toda uma variedade de motivações e que leva a que os países europeus estejam entre as principais nacionalidades estrangeiras a viver em Portugal. "A entrada da França e da Itália na estrutura das dez nacionalidades mais representativas parece confirmar o particular impacto nos cidadãos estrangeiros oriundos dos países da União Europeia dos fatores de atratividade já apontados em anos anteriores, como a perceção de Portugal como país seguro, bem como as vantagens fiscais decorrentes do regime para o residente não habitual", refere o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA)..Reformados franceses.Os técnicos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que elaboraram o RIFA analisaram a situação dos imigrantes italianos e franceses, concluindo que embora tenham as mesmas semelhanças no nível de escolaridade, que é elevado (51% dos italianos e 45% dos franceses têm nível superior), têm uma situação profissional diferente: "Os reformados representam mais de um terço dos franceses mas apenas cerca de um quinto dos italianos." Além de que "17% dos cidadãos de nacionalidade italiana são naturais do Brasil, facto que poderá ser explicado pela concessão da nacionalidade naquele país (jus sanguinis), não impondo limite de gerações e a sua relação com a significativa comunidade descendente de italianos no Brasil"..No ano passado entraram mais italianos do que brasileiros. Entraram 4175 brasileiros (mais 5,8%), situando-se, agora, nos 85 426, a principal comunidade estrangeira em Portugal. Segue-se Cabo Verde (34 986), Ucrânia (32 453), Roménia (30 750) e China (23 197) na lista das cinco principais nacionalidades estrangeiras..A Europa entra, assim, como a principal fonte de estrangeiros no país, seguindo-se a Ásia, continente que regista uma subida de 9,8%. As comunidades que mais contribuíram para esse crescimento foram os cidadãos do Nepal, mais 27,5% (são 7437), do Bangladesh, mais 23,3% (3450), do Paquistão (3380), mais 20,9%, e da Tailândia, mais 14,6% (1691).."A Ásia vem a aumentar há algum tempo, durante muito tempo eram chineses, agora são nepaleses, tailandeses, paquistaneses e do Bangladesh. Há também um efeito de rede e, para além do perfil ligado ao comércio, alguns estão ligados à agricultura intensiva de mercado", explica Jorge Malheiros..O continente americano subiu 5,8%, situando-se em terceiro lugar. Em número, são os brasileiros que ganham, mas em proporção quem cresceu mais foram os venezuelanos. Entraram 748 cidadãos da Venezuela no ano passado, o que representa uma subida de 31,7%, totalizando 3194.