Investigadores descobrem misterioso "vazio" dentro da Grande Pirâmide do Egito
Cientistas que utilizaram um método de captura de imagem baseado em raios cósmicos detetaram uma gigantesca e enigmática estrutura na última das sete maravilhas do mundo antigo que ainda se encontra hoje intacta, a Grande Pirâmide de Gizé, nos arredores do Cairo.
Os investigadores anunciaram a descoberta esta quinta-feira, mas dizem ainda não saber qual o propósito, o que contém ou as dimensões do espaço que estão a chamar de "vazio" ou "cavidade" dentro da pirâmide, construída como um túmulo monumental cerca de 2560 anos antes de Cristo.
Para ter acesso ao interior da pirâmide, os cientistas recorreram à tomografia de muões, que é capaz de seguir as partículas que bombardeiam a terra quase à velocidade da luz e penetram de forma profunda nos objetos sólidos.
Garantem que a estrutura interna agora descoberta tem pelo menos 30 metros de comprimento e está localizada acima de uma entrada que mede cerca de 47 metros, chamada de Grande Galeria, e que é uma de várias passagens e câmaras dentro da imensa pirâmide. Os investigadores asseguram que esta constitui a primeira grande estrutura interior descoberta na Grande Pirâmide desde o século XIX.
"Aquilo de que temos certeza é de que este grande vazio existe, é impressionante, e que não era perspetivado por nenhum tipo de teoria de que eu tenha conhecimento", disse Mehdi Tayoubi, o presidente e cofundador do instituto HIP, em França, um dos líderes do estudo publicado agora na revista Nature. "Abrimos a questão aos egiptólogos e arqueólogos: o que poderá ser?", acrescentou Hany Helal, da Universidade do Cairo.
A Grande Pirâmide, tal como outras construções semelhantes, é notável pela beleza simples e grandeza colossal. Monumento emblemático de uma das grandes civilizações da antiguidade, tem uma altura de 146 metros - era a mais alta estrutura construída pelo Homem até à Torre Eiffel, em Paris, em 1889 - e a base mede 230 metros.
Foi construída durante o reinado do Faraó Quéops, ou Khufu, em egípcio.
A descoberta agora divulgada resulta de um projeto chamado "Scan Pyramids", que recorre a tecnologia não invasiva de captura de imagem para averiguar a estrutura interna das pirâmides do Antigo Egito e procura compreender como foram construídas.
"Não estamos nesta missão para encontrar cavidades escondidas", disse Helal.
Os muões são partículas que resultam da interação entre os raios cósmicos do espaço e os átomos da atmosfera terrestre, e conseguem penetrar centenas de metros dentro de pedra antes de serem absorvidos. Colocando detetores dentro de uma pirâmide, é possível determinar espaços vazios dentro daquela uma estrutura sólida.