Greve na PJ. Inspetores fazem ultimato a Costa
A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da Policia Judiciária agendou uma greve a partir de dia 2 de agosto e por tempo indeterminado durante o horário suplementar (entre às 17:00 às 9:00).
"Esta é a vontade dos nossos associados, demonstrada esta manhã nas assembleias regionais nas quais decidiram rejeitar os termos da proposta de revisão dos estatutos profissionais da Polícia Judiciária apresentada pelo Governo. A insatisfação dos inspetores também já foi comunicada à direção nacional da PJ", pode ler-se no comunicado do sindicato.
Os inspetores dão uma semana, a partir de hoje, ao governo para "concretizar as promessas de reconhecer um estatuto da carreira digno aos profissionais da Polícia Judiciária e de reforçar o combate à corrupção". Caso contrário, não desmarcarão a paralisação.
A revisão do estatuto da polícia está a ser trabalhada no Ministério da Justiça, com a participação da ASFIC da PJ, há quatro anos, desde a tomada de posse do atual governo. A versão final, publicada no Boletim de Trabalho e Emprego, foi o ponto de partida para as negociações formais, que o presidente do sindicato, Ricardo Valadas, tem considerado "um atentado à carreira da investigação criminal e uma afronta".
Segundo o sindicalista, há questões remuneratórias que implicam a perda de dinheiro para alguns profissionais (que vão desde 25 a 400 euros) e há falta de compensações financeiras e de progressão na carreira dos inspetores.
Em abril, durante a cerimónia da entrada ao serviço de 120 novos inspetores, o primeiro-ministro afirmou o empenho do governo na valorização "do pessoal da investigação criminal" nas carreiras. "Esperamos poder aprovar este estatuto em breve para que os profissionais desta casa tenham as melhores condições para cumprir as suas funções e a carreira a que têm o direito a aspirar", disse na altura António Costa, interrompido por ações de protesto dos polícias.
A PJ tem neste momento menos de 1000 inspetores criminais, um mínimo histórico, e a média etária mais elevada de sempre.