Inês Viegas Oliveira: a ilustradora portuguesa que não foi à Feira de Bolonha
Inês Viegas Oliveira esteve na Feira de Bolonha, em Itália, pela primeira vez no ano passado, apenas para ver mas gostou tanto que este ano decidiu concorrer - "só mesmo por causa do desconto que eles dão a todos os participantes", conta, entre risos, a ilustradora de 25 anos. Foi assim que acabou por ser a única portuguesa selecionada, ao lado de mais de 70 ilustradores estrangeiros, para a exposição anual daquela que é considerada a mais relevante feira dedicada à literatura e ilustração para os mais novos. "Não estava nada à espera, foi mesmo uma surpresa!"
Mas depois da alegria de ser selecionada veio a pandemia de covid-19. A abertura da 57.ª edição da feira, que estava inicialmente marcada parta 30 de março, foi reagendada para maio e, finalmente, acabou por ser cancelada. A feira só acontecerá de 12 a 15 de abril de 2021.
No entanto, a organização decidiu manter algumas iniciativas, que ocorrem apenas online, pondo em contacto centenas de editores, autores e ilustradores de todo o mundo. Há uma série de conferências e eventos online e até serão entregues alguns prémios - por exemplo, esta tarde, pelas 17.00, será anunciado o vencedor do prémio de Melhor Editora de Livros Infantis, para o qual está nomeada a editora portuguesa Pato Lógico.
Também a exposição dos ilustradores, que geralmente ocupa um lugar central na Feira, está disponível virtualmente e lá estão três desenhos do projeto "Tanta Coisa" de Inês Viegas Oliveira. O que é bom, porque as ilustrações poderão ser vistas por muita gente, mas acaba por ser um pouco frustrante para a portuguesa, uma vez que não há hipótese de fazer contactos nem de mostrar o seu trabalho a algumas editoras: "Parecia que podia ser uma rampa de lançamento, que iam acontecer muitas coisas, mas ficou tudo em standby", lamenta-se.
A verdade é que Inês Viegas Oliveira, nascida em Tavira, em 1995, e a viver atualmente em Lisboa, está ainda a dar os primeiros passos na área da ilustração, depois de ter estudado Física e Matemática. "O desenho sempre esteve lá, de forma latente, assim como uma vontade de comunicar", explica. Foi a vontade de explorar essa dimensão que a levou, primeiro, a fazer um curso de aguarela e, depois, a fazer uma pós-graduação em ilustração. "Foi ótimo", diz. Finalmente, encontrou aquilo que gosta de fazer.
Entretanto, apesar de retida em casa, Inês continua a trabalhar nos seus projetos pessoais, alguns dos quais vai mostrando no seu Caderno de Bolso. E o seu trabalho de fim de curso, intitulado "Eu sou eu", a partir da leitura de Aparição de Vergílio Ferreira, será editado ainda este ano como álbum ilustrado pela Bruaá.
Para já, esta semana, Inês Viegas Oliveira vai tentar assistir a alguns dos eventos na Feira de Bolonha online. Para o ano tentará voltar a Bolonha: "Tenho um voucher da TAP guardado para essa viagem!"