Índia restringe financiamento estrangeiro para instituição fundada por Madre Teresa
A Índia decidiu cortar o financiamento estrangeiro a uma instituição de caridade fundada pela Madre Teresa, uma decisão que os críticos descrevem como sendo uma prova da perseguição que os indianos cristãos têm sofrido às mãos do governo nacionalista Hindu.
Os Missionários da Caridade foram fundados em 1950, pelas mãos de Madre Teresa, uma freira católica que dedicou grande parte da sua vida a ajudar os pobres na cidade de Calcutá, a este da índia. A devota ganhou o Prémio Nobel da Paz e foi, mais tarde, declarada santa.
A sua organização gere casas de acolhimento em toda a Índia. Segundo o diário Hindu, a organização recebeu cerca de 730 milhões de euros vindos do estrangeiro no ano financeiro de 2020-2021.
O Ministério da Administração Interna do país informou, no dia de Natal, que a renovação da licença da organização para receber fundos estrangeiros foi rejeitada.
No comunicado pode ler-se que a instituição "não cumpre com os critérios de elegibilidade" para o acesso a este financiamento, sem adiantar muito mais detalhes.
Dominic Gomes, arcebispo da Arquidiocese de Calcutá, disse que o anúncio representava "uma prenda de natal cruel para os mais desfavorecidos.
Esta notícia surge duas semanas depois de ter sido aberta uma investigação à instituição fundada pela Madre Teresa por alegadamente "procederem a conversões forçadas de Hindus para Cristãos" numa acusação levada a cabo pelos membros mais religiosos do governo indiano.
Ativistas afirmam que as minorias religiosas na índia têm sofrido de discriminação e ações de violência com mais regularidade desde que o Bharatiya Janata Party (BJP) chegou ao poder em 2014.
O governo de Narendra Modi, por outro lado, rejeita as acusações, insistindo que todas as pessoas, de todas as religiões, têm os mesmos direitos.
Os Missionários da Caridade emitiram um comunicado para todos os seus albergues instruindo-os a não usar qualquer tipo de fundos provenientes do estrangeiro "até que a questão esteja resolvida".