A evolução da igualdade de oportunidades nas empresas e na sociedade em Portugal tem sido positiva, pelo menos desde 2010, ano em que teve início o Índice da Igualdade de Género. Nos últimos números disponíveis, Portugal ocupa o 15.º lugar entre os 27 Estados-membros da União Europeia, o que representa uma subida de quatro posições nos últimos onze anos. Ainda assim, aponta o Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE), o país mantém-se abaixo da média europeia nesta matéria. "Acho que valorizar a diversidade desde cedo, não só nas empresas, mas também nas escolas e na educação de base nas famílias permite aprender muito e integrar muitas visões", observa Fernanda Neves Barbosa..A atual Subdiretora de Canais da E-REDES (antiga EDP Distribuição) sublinha a importância da diferença nas estruturas empresariais e acredita que é essa "diversidade de género, nacionalidades, formações ou etnias" que permite às organizações crescer e atingir o sucesso. Apesar de assumir que "nunca" se sentiu discriminada no ambiente profissional, reconhece que "a realidade das multinacionais é um bocadinho diferente da maior parte do tecido empresarial português" e que ainda existe "caminho a fazer". Porém, Fernanda está inserida no sector energético, tradicionalmente mais masculino por inerência das funções em que se suporta. "Nas áreas de terreno isso é mais visível. Em áreas comerciais como aquela em que estou, já existem mais mulheres. A realidade, de facto, é que em cargos de chefia é natural que existam mais homens porque a maior parte dos colaboradores são homens", aponta..No grupo EDP desde 2001, Neves Barbosa começou a gerir pessoas logo em 2006 e essa experiência permite-lhe ter uma perspetiva inclusiva e preocupada com a igualdade de oportunidades. Também por isso, é capaz de apontar pontos de melhoria que considera essenciais para alavancar a paridade de género nas organizações. "Sinto que quem tem uma rede de suporte na família, seja o marido ou outro familiar, pode ir mais longe na carreira", considera. Em causa está o "papel tradicional" da mulher na sociedade e na família, que a profissional acredita estar a mudar. "É preciso continuar a trabalhar na educação para que as novas gerações tenham bem presentes estes temas e que, por exemplo, os homens também façam tarefas domésticas", diz..A imposição de quotas obrigatórias foi, igualmente, um passo fundamental. "As quotas são um acelerador que às vezes deixam algumas reservas, mas, acima de tudo, é preciso continuar a consciencializar a sociedade", defende. "Se não fossem as quotas, se calhar teríamos ainda menos representatividade feminina", acrescenta. Fernanda Neves Barbosa não tem dúvidas da importância de iniciativas como o Promova, que junta a CIP à NOVA SBE na formação de líderes no feminino, em que Fernanda participou. "A componente de desenvolvimento pessoal, pouco habitual em muitos cursos, fez-me pensar em muita coisa e foi muito interessante", refere..Aliás, a especialista no mercado energético acredita que seria "fundamental" incluir módulos de desenvolvimento pessoal na formação académica dos mais jovens, de forma a prepará-los, desde cedo, para a importância das questões sociais, mas também para fortalecer a confiança que depositam nas suas capacidades profissionais. "Homens e mulheres têm de querer ajudar a criar as condições de igualdade", remata..O grupo EDP, em que se insere a E-REDES, é uma das 380 empresas mundiais presentes no Bloomberg Gender Equality Index, um índice de referência que seleciona as organizações com maior envolvimento e empenho na paridade de género. A notícia da inclusão nesta lista restrita foi avançada ontem por comunicado oficial da multinacional, que renova o compromisso em manter o esforço de aumento de representatividade feminina na sua estrutura. "Acredito que um local de trabalho inclusivo, com diversidade de pensamento e de talento, é fundamental para a nossa capacidade de continuar a inovar - é desta maneira que pretendemos liderar a transição para um futuro mais verde e sustentável para todos", afirma Miguel Stilwell de Andrade, Presidente Executivo da EDP..Porém, o grupo empresarial reconhece que há ainda muito a fazer e que continua a existir "uma predominância de homens na maioria das funções" que é preciso inverter. "Essa lacuna tem vindo a ser preenchida com o aumento gradual da força de trabalho feminina, mas ainda está longe do equilíbrio que queremos alcançar", escreve ainda o conglomerado EDP. Assim, até 2025, as empresas que compõem esta organização querem atingir 30% de representação feminina em todas as funções, incluindo em cargos de chefia.