Identificadas substâncias em rã-verde ibérica com potencial utilização em antiviral
Uma startup incubada no Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) identificou duas substâncias provenientes da rã-verde ibérica que podem ser usadas num antiviral para tratar as infeções causadas pelo novo coronavírus.
Numa publicação no site da Universidade do Porto, o gabinete de comunicação da UPTEC avança que a empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento Bioprospectum identificou dois péptidos [biomoléculas] provenientes da rã-verde ibérica, encontrada nos Açores, com potencial atividade antiviral e que podem "neutralizar partes estruturais do SARS-CoV-2".
As primeiras moléculas "anti-covid" identificadas pela startup e spin-off do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto vão ser testadas in vitro, em colaboração com Instituto de Investigação do Medicamento da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, durante este mês.
Segundo a UPTEC, a Bioprospectum tem vindo a criar um banco de moléculas da biodiversidade Ibero-Americana com o intuito de "aumentar a eficácia e eficiência da prospeção de moléculas potencialmente uteis em qualquer amostra".
Nos últimos anos, a startup tem desenvolvido plataformas para identificar moléculas com potenciais aplicações antioxidantes, antimicrobianas, anti-inflamatórias e anticancerígenas, de como é exemplo a plataforma in silico que permite selecionar de uma amostra as substâncias "mais apropriadas para determinado fim".
Citado na publicação, José Leite, copromotor do projeto, adianta que a "identificação de moléculas com atividade farmacológica pode demorar anos de trabalho, se for feita com métodos clássicos".
"O grande diferencial de aliar a bioprospeção com inteligência artificial é que os primeiros resultados podem ser gerados em meses", afirma.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 793.847 mortos e infetou mais de 22,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.792 pessoas das 55.211 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.