Hospital onde morreram mais de 30 crianças recebe novas provisões de oxigénio
As autoridades sanitárias indianas enviaram hoje oxigénio a um hospital público onde morreram 63 pessoas, quase metade delas crianças, com encefalite, alegadamente devido à falta de material médico por ausência de pagamento de contas por parte daquela unidade.
Oficialmente, nenhum médico estabelece uma relação entre estes óbitos e a falta de provisões, mas as denúncias contra as falhas de medicamentos naquele hospital, do estado de Uttar Pradesh, suscitou protestos e indignação contra o partido Bharatiya Janata, que governa aquele estado.
As mortes das crianças expuseram novamente os pobres cuidados de saúde públicos na Índia, apesar das promessas do primeiro-ministro Narendra Modi de renovar o sistema.
Centenas de pessoas morrem anualmente no país devido a encefalite, uma doença transmitida pelo mosquito comum.
"Agora temos provimento adequado de oxigénio, houve escassez na semana passada... mas não estou em posição de dizer se eles foram a causa das mortes", disse R.K Sahai, um médico sénior do hospital.
As imagens de televisão que mostram os pais a deslocarem-se ao hospital transportando os corpos de crianças e alegando que estas morreram devido à falta de oxigénio, resultaram em inúmeras criticas ao chefe do governo do Estado de Uttar Pradesh, Yogi Adityanath.
Bipin Singh disse que a filha de seis anos morreu devido à falta de oxigénio e viu outras seis morrerem pelo mesmo motivo: "Minha filha e outras seis crianças não conseguiam respirar. Nós continuamos a dizer às enfermeiras para chamarem os médicos. Os médicos disseram que pediram cilindros de oxigénio mas nunca os vimos a serem utilizados".
Bahadur Nishad, que perdeu um filho de quatro anos que sofria de encefalite, disse que queria pagar os próprios cilindros de oxigénio.
Outros pais afirmaram ainda que tentaram desesperadamente arranjar os materiais básicos, como gaze de algodão, injeções de glicose e provisões de sangue.
Cerca de 450 pacientes com encefalite deram entrada no hospital no sábado, dos quais 200 eram menores de 12 anos. A maioria estava a ser tratada no chão e perto dos sanitários, devido à escassez de camas.
O governo de Uttar Pradesh despediu o chefe do hospital, bem como o médico que chefiava o departamento de pediatria. Rajeev Misra, o ex-chefe do hospital, afirmou que solicitou repetidamente que a administração do estado disponibiliza-se fundos de forma a permitir o pagamento aos fornecedores do hospital.
Sahai, o médico assistente, adiantou ainda que as autoridades estavam a investigar os motivos de escassez de cilindros de oxigénio.
Na Índia, o gasto em saúde pública é de cerca de um por cento do PIB, entre os mais baixos do mundo. Nos últimos anos, o governo de Modi aumentou os gastos com a saúde, comprometendo-se a tornar os cuidados mais acessíveis.