Hora a hora. Todos os passos da ação militar russa na Ucrânia
A ofensiva militar na Ucrânia é o culminar de vários dias de alta tensão provocada pela concentração de tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia. Segundo as forças de defesa ucranianas, o ataque começou nas fronteiras da Bielorrússia e da Crimeia.
Ao anunciar o ataque, o presidente russo Vladimir Putin disse que a ofensiva era a resposta a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, ignorando o acordo de Minsk, assinado em 2014.
Fica aqui a cronologia dos principais acontecimentos das últimas horas que levaram à entrada das tropas russas em território ucraniano.
21.00 horas: A presidência russa anuncia publicamente que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas (Lugansk e Donetsk), no leste da Ucrânia, pediram ajuda a militar a Vladimir Putin para "repelir a agressão" das tropas ucranianas.
O Parlamento da Ucrânia declara o estado de emergência em território nacional que entrou em vigor já esta quinta-feira.
23.00 horas: O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, divulga um vídeo onde pede à sociedade civil russa que impeça uma guerra entre os dois países.
2.30 horas: António Guterres faz um apelo dramático a Putin numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. "Se de facto uma operação está a ser preparada, só tenho uma coisa a dizer do fundo do meu coração: Presidente Putin, impeça as suas tropas de atacarem a Ucrânia. Deem uma oportunidade à paz", apelou.
2.50 horas: Putin anuncia o início de uma operação para proteger a população russófona das repúblicas separatistas pró-Rússia. Avisa também outros países para não interferirem sob pena de enfrentarem consequências sem igual.
3.20 horas: Joe Biden, presidente dos EUA, classifica a ofensiva como um "ataque injustificado" e acusa Putin de lançar "uma guerra premeditada que vai resultar em sofrimento e perdas humanas catastróficas". Dez minutos depois, a agência AFP relata as primeiras explosões ouvidas em Kiev, capital da Ucrânia. Nas horas seguintes, relatos idênticos surgem nas cidades de Mariupol, Kramatorsk, Odessa, Kharkiv e Lviv.
4.00 horas: Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, condena o "ataque imprudente e não provocado" da Rússia. No Conselho de Segurança da ONU, o embaixador ucraniano pede à ONU que pare a guerra. O representante russo responde dizendo que não se trata de uma guerra, mas sim uma operação militar. O embaixador francês "condena nos termos mais veementes" o ataque e diz que "a Rússia fez a escolha da guerra", enquanto a China considera ser ainda possível uma solução pacífica.
Menos de dez minutos depois, a Ucrânia fecha o espaço aéreo à aviação civil.
4.35 horas: Os EUA anunciam que vão entregar ainda esta quinta-feira no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução a condenar a Rússia.
4.54 horas: A Casa Branca anuncia que Zelensky telefonou a Biden e pediu que "instasse os líderes mundiais a denunciar claramente a agressão flagrante" de Putin, "e a manter-se ao lado do povo da Ucrânia".
5.00 horas: A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenam "veementemente o ataque injustificado da Rússia à Ucrânia" e prometem que o Kremlin será responsabilizado.
Zelensky decreta a lei marcial e apela aos ucranianos para não entrarem em pânico. Kiev afirma que o ataque russo visa "destruir o Estado ucraniano, confiscar o seu território pela força e estabelecer uma ocupação". O exército russo começa a bombardear a Ucrânia, mas garante que os ataques têm apenas como alvo bases aéreas e outras áreas militares, e não zonas civis.
Olaf Scholz reage pouco depois, dizendo que o ataque é "uma clara violação" da lei internacional.
5.30 horas: O organismo de aviação civil da Rússia anuncia a anulação de voos civis em diversas cidades russas próximas da Ucrânia e do Mar Negro.
A Agência de Segurança Aérea da UE informa os operadores aéreos que a Ucrânia "é agora uma zona de conflito ativa", pelo que há um elevado risco para os aviões civis.
Boris Johnson, primeiro-ministro inglês, condena os "acontecimentos horríveis na Ucrânia" e acusa Putin de ter optado pelo "caminho do derramamento de sangue e da destruição".
6.55 horas: O primeiro-ministro, António Costa, condena o ataque e anuncia que solicitou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, uma reunião urgente do Conselho Superior de Defesa Nacional.
Antes do Conselho, Costa diz que se vai reunir com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, e com o chefe de Estado Maior General das Forças Armadas.
Passado poucos minutos, Marcelo Rebelo de Sousa anuncia que convocou a reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional para as 12.00 horas, no Palácio de Belém.
No final, o Conselho anuncia que deu um parecer favorável, por unanimidade, a propostas do Governo para a eventual participação de meios militares portugueses em forças de prontidão da NATO.
8.15 horas: Marcelo Rebelo de Sousa condena a operação, declarando que constitui uma "flagrante violação do direito internacional", e manifesta "total solidariedade" para com o povo ucraniano.
9.50 horas: A embaixada de Portugal em Kiev aconselha os cerca de 200 na Ucrânia a sair do país pelas fronteiras da Polónia e da Roménia e anuncia ter organizado pontos de reunião em duas cidades para onde se devem dirigir em caso de necessidade.
10.45 horas: Centenas de ucranianos atravessam a pé a fronteira rumo à Roménia, procurando refúgio em casas de amigos e familiares perante a operação militar da Rússia, informam as autoridades romenas.
10.55 horas: Surgem relatos de bombardeamentos nos arredores de Kiev. A população começa a tentar sair da cidade.
11.37 horas: Ataque a base militar perto de Odessa, no sul da Ucrânia, faz 18 mortos.
12.22 horas: Kremlin diz que operação militar russa na Ucrânia vai durar o tempo necessário, dependendo dos seus "resultados" e da sua "relevância".
12.30 horas: O primeiro balanço oficial do ataque aponta para 40 soldados ucranianos e uma dezena de civis mortos nas primeiras horas da ofensiva.
Praticamente ao mesmo tempo, veículos militares começam a entrar na região de Kiev, vindos da Bielorrússia.
14.07 horas: Avião militar ucraniano despenha-se nos arredores de Kiev com 14 pessoas a bordo.
14.20 horas: Soam as sirenes em Kiev para avisar a população para um ataque aéreo russo que estaria iminente.
14.30 horas: O presidente da Ucrânia decreta mobilização geral de todas as pessoas com idade para servir no exército.
14.40 horas: Rússia anuncia ter destruído mais de 70 alvos na Ucrânia. Destes, 11 eram pistas aéreas.
Soam novamente as sirenes em Kiev, alertando para um eventual ataque aéreo.
15.15 horas: Militares russos tentam tomar a central nuclear de Chernobyl.
15.45 horas: O presidente da Câmara de Kiev decreta o recolher obrigatório noturno, em vigor entre as 22.00 e as 7.00 horas.