Homicídio de Samuel Paty. Polícia faz buscas em casas de alegados radicais islâmicos
A polícia francesa invadiu as casas de dezenas de supostos radicais islâmicos após a decapitação de Samuel Paty, o professor que mostrou as ilustrações polémicas do profeta Maomé aos seus alunos e que foi decapitado dias depois, ao que tudo indica devido a esse episódio.
O governo francês diz estar a investigar 51 associações muçulmanas e que se for provado que estão a incitar ao ódio serão encerradas. Entre elas está o "Coletivo Contra a Islamofobia", que o governo acredita propagar uma mensagem permanente de desafio ao Estado francês.
O ministro do Interior francês, Gerard Darmanin, disse esta segunda-feira que as operações em curso querem passar a mensagem de que "não haverá tréguas para os inimigos da república".
Segundo a BBC, a polícia está ainda a interrogar cerca de 80 pessoas que terão partilhado mensagens de apoio ao assassino de Paty.
Samuel Paty foi assassinado em Conflans-Sainte-Honorine, um subúrbio de Paris, onde na sexta-feira um jovem de 18 anos nascido em Moscovo e de origem chechena foi abatido pela polícia. Era o suspeito do crime.
O responsável do Ministério Público da área de antiterrorismo, Jean-François Ricard, disse que Paty vinha a ser alvo de ameaças desde que mostrou os desenhos do Profeta durante uma aula sobre liberdade de expressão.
Como já tinha feito em aulas semelhantes nos últimos anos, Paty, um professor de história e geografia, aconselhou os alunos muçulmanos a desviarem o olhar se considerassem que poderiam ficar ofendidos.
As representações do Profeta Maomé podem causar sérias ofensas aos muçulmanos porque a tradição islâmica proíbe explicitamente as imagens do Profeta e de Alá.
O homicídio de Samuel Patu horrorizou a França. Milhares manifestaram-se no fim de semana para homenagear o professor com cartazes onde se lia: "Je suis enseignant" (Eu sou professor).
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o ataque a Paty tem todas as características de um "ataque terrorista islâmico" e que o professor foi assassinado porque "ensinou liberdade de expressão".
Além das manifestações de domingo, haverá uma homenagem nacional ao professor na quarta-feira.
O suspeito de ter decapitado Samuel Paty vivia na cidade de Évreux, na Normandia, a cerca de 100 quilómetros do local do crime, mas dirigiu-se, na sexta-feira, à escola onde o professor dava aulas e pediu ajuda para o identificar.
Depois, seguiu Samuel Paty quando este regressava a casa após o trabalho. O suspeito usou uma faca para atacar o professor na cabeça e depois decapitou-o.
Testemunhas terão ouvido o homicida gritar: "Allahu Akbar" ( "Deus é o maior).
Quando a polícia se aproximou, o suspeito atingiu os agentes com tiros de uma pistola de ar. Os polícias responderam atingindo-o nove vezes. Uma faca com uma lâmina de 30 centímetros foi encontrada nas proximidades.