Hollande avisa que combates não acabaram no Mali

Os islamitas que durante meses dominaram a vida em Tombuctu tinham proibido o toque dos tambores mas hoje eles voltaram a ouvir-se nas ruas da cidade libertada pelas tropas francesas e malianas para assinalar a chegada ao terreno do Presidente francês François Hollande.Aí, o político socialista garantiu que os combates ainda não terminaram no Mali.
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O chefe do Estado francês chegou esta manhã a Tombuctu acompanhado pelo Presidente interino do Mali, Dioncunda Traoré, devendo, segundo a AFP, visitar aí uma mesquita histórica que funciona como centro de conservação de manuscritos antigos preciosos, alguns dos quais foram queimados pelos islamitas, antes de fugirem da cidade na passada semana.

Entre duas a três mil pessoas receberam Hollande, com agradecimentos, tambores a tocar de danças a condizer com o ritmo dos mesmos. Tombuctu, a 900 Km de Bamako, a capital do Mali, está sob alta vigilância: há posições de militares franceses a cada cem metros e blindados patrulham as ruas, bem como carrinhas pick-up cheias de soldados malianos, relataram os jornalistas da AFP no local, Hervé Asquin e Laurence Boutreux.

Nesta visita Hollande está acompanhado por três ministros: Laurent Fabius (dos Negócios Estrangeiros), Jean-Yves Le Drian (Defesa) e Pascal Canfin (Desenvolvimento).

"François Hollande, nós, mulheres de Tumbuctu, agradecemos, mas é preciso dizer que cortaram a árvore, agora é preciso arrancar-lhe as raízes", avisa Fanta Diarra Touré, de 53 anos, uma ex-recepcionista, vestida de branco e envergando a bandeira francesa em sinal de agradecimento.

Antes de se deslocar para Tombuctu, o Presidente socialista francês foi recebido por Traoré, em Sevare, no aeroporto. Hollande é agora um líder bastante popular entre a população do Mali por ter enviado forças militares em auxílio dos soldados malianos para ajudar a expulsar os islamitas. Estes foram avançando ao longo dos meses e controlavam já uma parte considerável do Mali.

"Desde 11 de janeiro já fizemos um grande trabalho, mas ainda não está completamente terminado. Vai demorar mais algumas semanas, mas o nosso objetivo é passar o testemunho", disse o Presidente francês.

"Nós não temos vocação para ficar. Os nossos amigos africanos poderão fazer o trabalho que até agora era nosso", acrescentou.

O Presidente do Mali, por seu lado, agradeceu aos soldados franceses pela sua "eficácia" e o seu "profissionalismo", que permitiram libertar a população do norte do país após "meses e meses sob a barbárie e o obscurantismo".

A falta de recursos financeiros e logísticos tem atrasado o destacamento de uma força de perto de 6.000 soldados africanos para o Mali.

Até agora, apenas 3.000 tropas africanas foram enviadas para o Mali ou para o vizinho Níger, a maior parte delas do Chade, cuja contribuição não está integrada na força africana (AFISMA).

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