Guru do yoga quer criar império com consumidores patrióticos

Empresa de Baba Ramdev vende 500 produtos e quer combater as grandes multinacionais. Aposta no apelo da saúde e garante que os lucros da empresa revertem para a população
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É um líder espiritual com ambições materiais. Baba Ramdev não precisa de legendas na Índia. Surge diariamente na televisão, desde 2003, a dar aulas de yoga. Fora do pequeno ecrã, popularizou as mega sessões da prática. Este guru barbudo e cabeludo, que veste de laranja, ganhou uma imensa multidão de seguidores fieis - tem mais de seis milhões de seguidores no Facebook. Agora quer combater as grandes multinacionais Colgate, Unilever e Nestlé com produtos da sua empresa, a Patanjali Ayurved. Armas? O baixo preço, o produto natural e o patriotismo.


Este gigante que está a conquistar um dos maiores mercados do mundo nasceu nos anos 90 quando Ramdev e o amigo Acharya Balkrishna abriram uma farmácia de produtos ayurvédicos (medicina tradicional indiana), que vendiam em embalagens apelativas, em Haridwar, na margem do Rio Ganges.

As promoções nos eventos de yoga, nos programas de Ramdev na televisão e o reforço da rede de distribuição, a par de, nos últimos anos, campanhas de marketing com atores de Bollywood, deram uma força enorme à Patanjali. E a empresa tornou-se um dos grandes retalhistas da Índia e tem agora uma carteira de 500 produtos que vão desde pasta de dentes a noodles, passando pelos suplementos ayurvédicos. Tem loja online e vai apostar em megastores enquanto começa a apontar à exportação.

Os analistas preveem que o volume de negócios de 2015, na casa dos 265 milhões de euros, mais que duplique este ano. E, por exemplo, a Colgate-Palmolive Índia caiu 22 por cento na bolsa de Bombaim, com a pasta de dentes da Patanjali a conquistar quota de mercado. "A Colgate vai ficar atrás da Patanjali este ano e em três anos vamos superar a Unilever", disse Ramdev em abril aos jornalistas, enquanto anunciava um investimento em seis novas unidades industriais. "Os pássaros da Nestlé também vão voar", disse.

O apelo ao consumo da empresa do guru do yoga assenta na ligação ao sistema de medicina tradicional indiana numa altura em que, também naquelas paragens, cresce a preocupação com a saúde, o stress e a poluição ambiental. E Ramdev surge a denegrir os concorrentes alegando que estes têm produtos pouco saudáveis e apela ao consumo patriótico.


Agora procura parceiros de negócio, para expandir a empresa, que sejam pessoas "capazes e patrióticas". Ramdev diz que o objetivo da Patanjali não é o lucro. "Isto não é um negócio(...). O nosso objetivo é o bem estar humano e a saúde da nação, não a riqueza pessoal, não o lucro". Garante que os lucros do seu negócio são canalizados para educação, saúde, apoio social e religião. "Estamos a dar luta para as multinacionais começarem a pensar nas pessoas e serem forçadas a baixar o preço", disse o amigo Balkrishna, CEO e principal acionista da empresa.

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