Em Portugal, até esta segunda-feira, suicidaram-se oito presos, número que antecipa uma redução deste tipo de mortes nas cadeias nacionais quando comparado com o ano passado, em que puseram termo à vida nas celas 15 pessoas. Desde 2010, apenas em 2011 (oito mortes) e em 2016 (nove), os dados estatísticos mostram valores idênticos aos deste ano. Desde 2010, o pior ano foi 2012 com 16 suicídios..Para saber como lidar com estas situações, os guardas prisionais vão ter formação. A primeira, que tem lugar nesta terça-feira no Hospital Prisional de Caxias e depois prosseguirá em outros pontos do país, vai ser dirigida aos comissários e chefes principais dos estabelecimentos prisionais e o programa de ação terá como objetivos sensibilizar os responsáveis para os comportamentos autolesivos e os fatores de risco e como atuar no caso de um guarda se deparar com um suicídio..Uma ação que surge alguns anos depois de estar implementado o Programa Integrado de Prevenção do Suicídio, projeto que envolve os guardas prisionais e os técnicos de saúde na identificação de comportamentos considerados de risco e de situações de vulnerabilidade..A iniciativa, que terá o arranque nesta terça-feira, visa dar "orientações ao pessoal da guarda prisional para saber como intervir quando se depara com estas situações [de um preso morto por suicídio na cela]", explicou ao DN o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais..Celso Manata sublinha que esta ação "direcionada aos guardas" surgiu na sequência de alertas do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional..Jorge Alves, presidente do sindicato, confirma que a necessidade desta formação tinha sido sinalizada e que é uma necessidade diária sentida pelos guardas. "Em 2012 foi criado o Grupo de Prevenção de Suicídios e nessa altura a direção-geral criou um questionário que os guardas fazem na altura da admissão dos presos. Por exemplo, onde se perguntava se o recluso apresentava um estado alterado, nós respondíamos que não tínhamos qualificações para aferir isso", sublinhou para frisar que o sindicato "tem insistido em termos formação para podermos prevenir os suicídios, para alertar os psicólogos"..O curso arranca com aulas para quem ocupa cargos de chefia e direção, situação que Jorge Alves considera positiva: "As chefias têm de ser sensibilizadas para determinadas áreas. Caso contrário os guardas vão ter formação, mas quem está acima não estava sensibilizado." "Para nós é bom haver uma redução de casos. Este é um assunto sensível, que nos afeta muito", acrescenta..A formação que vai ser dada aos guardas centra-se nos alertas para comportamentos de risco e a sua identificação; estratégias para a prevenção do suicídio e saber como atuar em caso de suicídio consumado ou de tentativa..Prevenção do suicídio.Atualmente, todas as prisões nacionais seguem o Programa Integrado de Prevenção do Suicídio que envolve não só os guardas prisionais mas também os técnicos de saúde e psicólogos..O trabalho deste grupo inicia-se no momento de entrada de um recluso no estabelecimento prisional quando é feito um questionário com o qual se pretende detetar sinais de alerta que possam indiciar a propensão de um recluso para o suicídio..Este documento é depois complementado com uma consulta médica de admissão, em que se tenta dar especial atenção a distúrbios mentais, síndromes de abstinência, de violência ou agressão física ou sexual.