O governo espanhol publicou nesta madrugada um decreto que aumenta as restrições às cidades com mais de cem mil habitantes e com um número elevado de casos de covid-19, estabelecendo que as comunidades autónomas têm 48 horas para as aplicar, apesar da forte oposição do governo regional de Madrid. A capital será uma das áreas afetadas..O governo do socialista Pedro Sánchez indicou na quarta-feira à tarde que tinha chegado a acordo com a maioria das comunidades autónomas tendo em vista a imposição de novas medidas de contenção em áreas onde o coronavírus está a espalhar-se rapidamente. Mas o governo da Comunidade de Madrid, nas mãos do Partido Popular, votou contra (tal como outras regiões)..A capital regista 780 casos por cem mil habitantes, quando a média no resto de Espanha é de 300 por cem mil - que já é de si a mais elevada na União Europeia. Além de Madrid, outros nove municípios da comunidade são afetados..A presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, disse nesta quinta-feira que cumprirá "de maneira estrita" a ordem do governo, mas avisou que vai levar o executivo aos tribunais para tentar "defender os interesses legítimos dos madrilenos"..Em causa, por exemplo, escreve o El Mundo, está o facto de as regras do Conselho Interterritorial onde o tema foi debatido exigirem que os acordos sejam aprovados por consenso (que não existiu). O governo considera que ao existir uma maioria "colegiada" de autonomias do seu lado, a iniciativa tem validade.."Esta comunidade não está em rebeldia, este governo não está em rebeldia", disse Ayuso na Assembleia Regional de Madrid, onde insistiu que recorrerá à justiça para que as medidas "se ajustem à normativa e à realidade" e sejam "objetivas e justas"..Desde o fim do estado de alarme, a 21 de junho, a responsabilidade das questões de saúde pública e de gestão da pandemia voltou para as mãos das comunidades autónomas..O decreto publicado nesta madrugada diz que é "obrigatório para todas as regiões" no prazo máximo de "48 horas"..Na prática, permite a imposição de maiores restrições em toda a capital, onde vivem 3,2 milhões de pessoas, e em nove outras cidades, além daquelas que já existem e que, por exemplo, estabelecem que os residentes não devem deixar os seus bairros exceto para ir estudar, trabalhar ou por motivos médicos. São estabelecidas assim cercas sanitárias..As reuniões devem estar limitadas a seis pessoas. Não existe confinamento em casa e as pessoas podem circular dentro das suas áreas de residência, apesar de os parques estarem fechados e os bares e restaurantes estarem a funcionar com restrições de horário e de capacidade..Entretanto, a presidente da Comunidade de Madrid anunciou que desde esta quinta-feira a polícia poderá aceder aos dados de saúde pública para tentar que se tornem efetivas as quarentenas - uma medida que chega depois de se saber que havia, em média, 500 violações da quarentena por semana na região.