O número de ações judiciais nos EUA contra a Monsanto, comprada há pouco tempo pela Bayer, disparou para cerca de 8000, levando a farmacêutica alemã a preparar-se para anos de disputas legais nos tribunais sobre os alegados riscos de cancro dos herbicidas à base de glifosato..A Bayer, que comprou a Monsanto por 63 mil milhões de dólares (cerca de 54,5 mil milhões de euros) em junho, já tinha revelado que a empresa era alvo de 5200 mil processos. O número cresceu para 8000 no final de julho.."Estes números podem aumentar ou diminuir com o tempo, mas nossa opinião é que o número não é indicativo do mérito dos casos dos queixosos", disse Werner Baumann, da Bayer, por teleconferência na quinta-feira..As ações da Bayer caíram mais de 10% desde que a Monsanto foi condenada a pagar cerca de 250 milhões de euros a DeWayne "Lee" Johnson, por não ter informado o jardineiro sobre o perigo da utilização do herbicida e daquele ter estado na origem de um cancro no homem de 46 anos..O CEO da empresa reiterou a visão da Bayer de que o veredito do júri norte-americano no dia 10 de agosto foi inconsistente com as conclusões dos reguladores e que tencionam pedir ao juiz para anular a decisão do júri. "Se necessário", vão depois contestar a decisão nos tribunais da Califórnia, que levará pelo menos um ano..Quando questionado sobre se a Bayer pondera recorrer a acordos fora do tribunal, Baumann assegurou que tencionam :"defender vigorosamente este caso e todos os casos futuros"..A Bayer salientou que a procura por glifosato e por sementes que toleram o herbicida não foi afetada pelo veredito. "É uma ferramenta inestimável para os produtores", disse Liam Condon, diretor da divisão de Ciência de Colheitas da multinacional..Herbicidas com glifosato na Europa.Já após o veredito nos EUA, a Comissão Europeia afirmou que a autorização para os herbicidas com glifosato, válida para os próximos cinco anos após uma decisão em 2017, "é baseada em provas científicas" e recordou que os países têm liberdade de proibir a sua utilização - o que a França, por exemplo, já se comprometeu a fazer até 2021. .Em abril, a Comissão Europeia apresentou uma proposta para tornar mais transparentes os processos de avaliação científica em matéria de segurança alimentar, conforme o compromisso assumido na sequência da polémica em torno do uso de glifosato..Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o glifosato afeta o sistema endócrino e é uma "provável" substância cancerígena, opinião que não é partilhada pelas autoridades científicas europeias e de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Japão.