Gazprom interrompe gás para a Europa durante três dias

Fornecimento de gás russo à Europa vai estar interrompido até sábado. O chefe da Rede Federal de Energia da Alemanha afirmou que os trabalhos de manutenção só podem ser entendidos como um gesto "punitivo" contra Berlim pelo apoio prestado à Ucrânia.
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A empresa russa de energia Gazprom suspendeu esta quarta-feira "de forma temporária" o fornecimento de gás através do gasoduto que liga a Rússia à Europa, tal como tinha sido anteriormente anunciado.

A empresa estatal de energia da Rússia comunicou no princípio do mês de agosto que iria cortar o fluxo de gás através do gasoduto Nord Stream 1 para trabalhos de manutenção que se vão prolongar até ao próximo sábado.

De acordo com a Gazprom, a única turbina em funcionamento e que se encontra localizada na estação de Portovaya necessitava de manutenção.

"É preciso fazer manutenção a cada 1.000 horas" de operação, indicou, em comunicado, a russa Gazprom.

A medida surge numa altura em que os países europeus enfrentam um aumento nos preços da energia, situação que acontece desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no final de fevereiro, tendo, posteriormente, reduzido as suas entregas de gás para a Europa.

A Alemanha, que depende fortemente do gás russo, acusou Moscovo de usar a energia como "arma".

O chefe da Rede Federal de Energia da Alemanha, Klaus Mueller, disse que os trabalhos de manutenção são "tecnicamente incompreensíveis" e que só podem ser entendidos como um gesto "punitivo" contra Berlim pelo apoio prestado à Ucrânia desde a invasão russa.

A Gazprom tem reduzido gradualmente o fluxo de gás através do Nord Stream 1 evocando questões técnicas como "reparação de equipamento".

Para a Alemanha tratam-se de "cortes políticos" provocados propositadamente para fazer aumentar os preços da energia. A Rússia reduziu cerca de um terço do abastecimento à Alemanha.

O governo de Berlim disse na semana passada que a redução demonstra que o país não pode confiar no abastecimento russo anunciando a preparação de medidas sobre um "novo tipo" de armazenamento de gás.

Após a Gazprom anunciar a interrupção do gás à Europa, através do gasoduto Nord Stream 1, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, citada pela Reuters, afirmou que é a Alemanha, não o Kremlin, que está a fazer tudo para destruir as relações energéticas entre os dois países.

De referir que a Rússia também reduziu o fluxo de gás para outros países europeus que têm demonstrado apoio à Ucrânia.

A petrolífera italiana Eni disse hoje que foi afetada pela suspensão do fornecimento de gás russo para Itália através do gasoduto Nord Stream 1, encerrado até sábado para trabalhos de manutenção, devendo receber cerca de 75% do volume habitual.

De acordo com a Eni, a Gazprom comunicou que Itália iria receber cerca de 20 milhões de metros cúbicos de gás, contra cerca de 27 milhões de metros cúbicos nos últimos dias, segundo a Associated Press.

Entretanto, as principais bolsas europeias abriram hoje mistas, depois de a Gazprom anunciar que vai suspender o fornecimento de gás pelo Nord Stream 1 "de forma temporária".

Cerca das 08:25 em Lisboa, o EuroStoxx 600 ganhava 0,24% para 420,80 pontos.

Milão liderava as subidas, ao crescer 0,37%, enquanto Frankfurt crescia 0,27% e Paris avançava 0,03%.

Em sentido inverso, Londres recuava 0,12% e Madrid 0,22%.

Depois de abrir em alta, a Bolsa de Lisboa mantinha a tendência, cerca das 08:30 com o principal índice, o PSI, a subir 0,47% para 6.048,81 pontos.

Na terça-feira, a empresa russa Gazprom anunciou que vai proceder a novos cortes nas suas entregas de gás devido a um desacordo sobre a execução dos contratos.

Na terça-feira, a bolsa nova-iorquina encerrou em baixa pela terceira sessão consecutiva, com o Dow Jones, o principal indicador, a cair 0,96% para 31.790,87 pontos.

O seletivo S&P 500 perdeu 1,10%, para 3.986,16 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite Market que reúne as principais empresas de tecnologia, recuou 1,12%, para 11.883,14 pontos.

A nível cambial, o euro cotava-se em 1,0016 dólares no mercado de câmbios de Frankfurt.

O barril de petróleo Brent para entrega em outubro abriu com tendência ascendente no Intercontinental Exchange Futures (ICE) de Londres, a cotar-se nos em 99,80 dólares.

Notícia atualizada às 13:26

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