Gastos disparam nos pequenos partidos. Chega passa de 25 mil € para meio milhão
Os partidos já entregaram na Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) as suas previsões de gastos para a campanha das eleições legislativas do próximo dia 30 de janeiro. Feitas as contas - que neste caso incluem apenas os partidos que elegeram deputados em 2019 - os gastos totais previstos para agora revelam uma diminuição de quase um milhão de euros face ao gasto há dois anos (ver tabela a meio da notícia).
A poupança faz-se porém sobretudo por diminuição de gastos previstos pelos grandes partidos. No caso: PS (menos 504 mil euros); Bloco de Esquerda (menos 691 mil); CDU (menos 319 mil) e CDS-PP (menos 433 mil euros). Ao todo, estes quatro partidos tencionam poupar, face a 2019, quase dois milhões de euros.
Entre os grandes, a exceção é o PSD. A previsão de gastos para a atual campanha revela um aumento de cerca de 88 mil euros, quando comparado com o efetivamente gasto pelos sociais-democratas nas legislativas de 2019. E a estas contas, agora, é preciso acrescentar outras duas autónomas, nas regiões da Madeira e dos Açores, onde o PSD se apresentará em listas conjuntas com o CDS.
Nos pequenos partidos - PAN, Iniciativa Liberal, Chega e Livre - a situação é a oposta, relativamente à progressão nos gastos de campanha, quando se compara com os gastos nas legislativas de 2019.
O caso numericamente mais relevante é o do Chega. Em 2019 - e segundo os dados oficiais que constam no site da ECFP -, o partido de André Ventura revelou-se bastante poupado nos gastos: apenas cerca de 25 mil euros (mais do que o Livre mas menos de metade do que gastou a Iniciativa Liberal). A poupança surgiu então como ainda mais extraordinária dado que, como previsão de gastos para essa campanha, o Chega tinha apresentado um orçamento que apontava para 150 mil euros. Ou seja: o partido gastou em 2019 menos 125 mil euros do que tinha inicialmente previsto.
Agora, com André Ventura fortemente apostado em transformar o Chega na terceira maior força eleitoral, ultrapassando o PAN, CDS-PP, Bloco de Esquerda e CDU, a previsão de gastos no partido dispara 20 vezes: dos 25 mil gastos em 2019 para uma previsão agora de despesas de meio milhão de euros. No ranking dos gastos previsíveis, o Chega é agora o quinto maior partido, atrás do PS, PSD, BE e CDU - e à frente de todos os outros. As contas revelam também um substancial aumento da despesa face ao que o partido previu nas eleições presidenciais, 160 mil euros. O gasto efetivamente feito foi maior, 201 mil euros - um valor que, também ele, é menos de metade do que o partido prevê como custos da atual campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro.
O outro pequeno partido (um deputado eleito atualmente, como aliás o Chega também) onde as despesas previsíveis de campanha mais vão aumentar é a Iniciativa Liberal. Nas legislativas realizadas há dois anos apresentaram uma conta de cerca de 65 mil euros; agora apontam para gastos na ordem dos 385 mil euros.
No PAN, o aumento é menor (de 134 mil euros para 228 mil) e no Livre também (de 16,4 mil euros para, agora, 48 mil euros).
Assim, enquanto os gastos somados no PS, no Bloco de Esquerda, na CDU e no CDS apontam agora para uma poupança de quase dois milhões de euros - com o BE a ser aquele que mais poupa, em valores absolutos, face a 2019, quase 700 mil euros -, nos quatro mais pequenos (PAN, Chega, IL e Livre) os números revelam um crescimento da despesa total de 242 mil euros para quase um milhão de euros (919,5 mil, mais precisamente).