Fuga de informação. Pfizer cobra 12 euros à UE por cada dose de vacina
Uma funcionária do governo belga revelou numa publicação na rede social Twitter, entretanto já apagada, o preço das vacinas contra a covid-19 acordado pela Comissão Europeia (CE) com os seis grupos farmacêuticos que as produzem.
Os valores eram até agora desconhecidos, ao abrigo de acordos de confidencialidade estabelecidos com cada uma das empresas. A CE já se recusou entretanto a comentar a tabela de preços. "Não podemos dizer nada sobre isso", disse um dos porta-vozes da Comissão Europeia, Stefan de Keersmaecker, que não negou a veracidade da publicação. "Tudo o que tem a ver com informação sobre os preços das vacinas está coberto pelo sigilo. E isso é algo muito importante", disse, enquanto outro porta-voz Eric Mamer revelou que este sigilo sobre os preços era "exigido contratualmente" pelas empresas fornecedoras das vacinas. Sem essas cláusulas de confidencialidade "não teriam sido feitos os contratos".
De acordo com o Twitter de Eva de Bleeker, entretanto apagado, o preço pago por cada dose de vacina varia entre os 1,78 euros cobrado pela AstraZeneca e os 14,70 euros da farmacêutica americana Moderna.
Curiosamente, a vacina Pfizer/BioNTech, que deverá ser a primeira a ser comercializada nos países da UE já na próxima semana, custa 12 euros a dose.
De Keermaecker disse que a cláusula de confidencialidade nos contratos não visa apenas proteger "informações comerciais sensíveis", mas também "o interesse público". "Se todas essas informações sensíveis fossem tornadas públicas, isso enfraqueceria a posição dos negociadores da Comissão e dos estados membros envolvidos nessas negociações", assegurou.
De acordo com a publicação de Eva de Bleeker, a Johnson & Johnson cobra 6,94 euros por cada vacina, o contrato com a Sanofi/GlaxoSmithKline contempla o pagamento de 7,56 euros, enquanto a Curevac recebe 10 euros por cada dose.
O jornal The Washinghton Post fez entretanto as contas, comparando os preços da publicação da funcionária do governo belga com os dados forenecidos pela empresa Bernstein Research, especializada em analisar investimentos, e chegou à conclusão que a União Europeia paga menos que os Estados Unidos por algumas vacinas, entre as quais a Pfizer/BioNTech, que já está a ser comercializada em todo o país, e em relação à qual a UE aufere de um desconto de 24% em comparação com os EUA.
Isto porque enquanto os estados da UE pagam 12 euros por dose, o governo americano paga 15,9 euros.
A diferença é ainda maior na vacina da AstraZeneca, que ainda está em desenvolvimento, mas que a UE paga menos 45% que os EUA.
Em contrapartida, a Moderna cobrou mais 20% aos países europeus do que aos Estados Unidos, que esperam ver esta vacina aprovada na próxima semana.