França vai investigar acusações de crimes sexuais na patinagem artística

Treinador admitiu na semana passada ter tido relações "íntimas" e "inadequadas" com Sarah Abitbol, na altura com 15 anos. À AFP disse estar "sinceramente arrependido".
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O Ministério Público francês anunciou, esta terça-feira, que abriu uma investigação sobre as alegadas violações e abuso sexual de menores no universo da patinagem artística, depois de uma antiga patinadora ter denunciado que foi violada pelo treinador quando tinha 15 anos.

A investigação irá incidir sobre as acusações de Sarah Abitbol que acusa o técnico Gilles Beyer de a ter violado entre os 15 e os 17 anos. O MP francês irá também "tentar identificar todas as outras vítimas que sofreram ofensas da mesma natureza", disse Paris Remy Heitz, através de um comunicado, citado pela AFP.

Na semana passada, Abitbol, ​​ex-campeã mundial de bronze, publicou uma autobiografia na qual acusou Beyer de a ter violado entre 1990 e 1992. Três outras patinadoras também apresentaram acusações semelhantes contra Beyer e outros dois treinadores. Existem ainda alegações de abuso sexual de menores de idade por parte de ex-nadadoras e tenistas.

Beyer admitiu na semana passada ter tido relações "íntimas" e "inadequadas" com Sarah Abitbol. À AFP disse estar "sinceramente arrependido".

Na segunda-feira, Didier Gailhaguet, presidente da federação francesa de desportos no gelo, admitiu "erros" depois da ministra do Desporto, Roxana Maracineanu, ter criticado a sua conduta: apesar das queixas que foram chegando, permitiu que Beyer permanecesse próximo da federação de patinagem,

As acusações da Abitbol surgiram na passada quarta-feira, dia em que o diário desportivo L'Equipe publicou uma longa investigação sobre abusos sexuais na patinagem, natação e ténis em França.

Sob a manchete "O Fim da Omerta" [código de silêncio imposto], o L'Equipe apoia-se nas histórias de três outras patinadoras que acusam Beyer e outros dois treinadores, Jean-Roland Racle e Michel Lotz, de abuso e violação quando eram menores. Os treinadores negaram as alegações ou recusaram comentar.

A investigação é conhecida uma semana depois de o treinador de ténis francês Andrew Geddes ter sido condenando a 18 anos de prisão por violar quatro jogadores menores de idade.

"Ele (Beyer) começou a fazer coisas horríveis que levaram ao abuso sexual - fui violada aos 15 anos", disse Abitbol, ​​agora com 44 anos, numa entrevista em vídeo à L'Obs. "Foi a primeira vez que um homem me tocou."

Outra patinadora Helene Godard também acusou Beyer de abuso sexual quando era menor de idade. De acordo com L'Équipe, Beyer, que continuou a carreira como diretor das equipas francesas e técnico nacional, foi alvo de duas investigações, uma pelo ministério do Desporto, no início dos anos 2000.

Após o segundo inquérito, o ministério rescindiu o contrato como consultor técnico, mas Beyer permaneceu próximo da federação de patinagem, cujo presidente Didier Gailhaguet recusou comentar o tema, quando contactado pela AFP.

Abitbol diz que, depois de se retirar, mencionou as denúncias contra Beyer ao então ministro do Desporto, Jean-François Lamour, que supostamente respondeu: "Sim, temos um arquivo sobre ele, mas vamos fechar os olhos." O ex-ministro disse ao L'Obs que não se lembrava dessa conversa.

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