Não existe a Festa do Cinema Japonês em Portugal? Não há problema, a partir de dia 28 até 19 de setembro teremos o novo cinema japonês no Museu do Oriente num ciclo intitulado Sozinhos Juntos. Às sextas e aos sábados uma série de sessões sob o signo As Relações Humanas no Cinema Japonês Contemporâneo. São quatro filmes inéditos e com legendagem em português, sempre com exibição gratuita. Uma verdadeira festa do cinema japonês planeada para celebrar os 160 anos de relações diplomáticas entre Portugal e o Japão..Em comum, os filmes refletem uma certa tendência de relações em que a melancolia é tónica. Uma iniciativa cuja coprodução é da Embaixada do Japão e da Câmara Municipal de Nishinoomote. Yuka Iwanami, do setor cultural da embaixada falou ao DN e explicou o âmbito desta mostra: "O tema principal deste ciclo Sozinhos Juntos versa sobre a complexidade da sociedade moderna atual. A sociedade japonesa enfrenta grandes desafios perante a nova realidade social, a aceitação da diversidade e a capacidade humana de enfrentar a mudança, tomando um rumo diferente de uma sociedade mais 'tradicional'. A Embaixada do Japão, em estreita colaboração com o Museu do Oriente, pretende, assim, dar a conhecer ao público português o Japão contemporâneo através do olhar de quatro jovens cineastas japoneses, num ano certamente peculiar.".Entre os quatro filmes tomamos pulso a um imaginário muito contemporâneo japonês. Life on the Longboard 2nd Wave, de Ichiro Kita; Three Stories of Love, de Ryosuke Hashigushi; Dear Stranger, de Yukiko Mishima e The Tokyo Night Sky is Always is Always the Densest Shade of Blue, de Yuya Ishii são os filmes escolhidos e Yuka Iwanami admite esse elo comum: "A 'nova' sociedade apresenta uma grande diversidade e adversidade, ou seja, a título de exemplo, uma estrutura familiar mais complexa (conflito entre o filho do casamento anterior e o novo pai), os jovens perdidos nas grandes cidades sem poder encontrar a sua identidade num mundo digitalizado com demasiada informação, o medo da morte que rodeia no dia-a-dia, a solidão profunda após perder uma pessoa inseparável, etc. Esta realidade é o que enfrentamos todos, aqui também. Sempre estamos a viver numa dualidade - por um lado, com a felicidade, o amor em família, namorados e amigos, mas, por outro lado, vivemos com medo e solidão. Durante o confinamento do covid-19 suponho que muitas pessoas sentiram mais fortemente estes sentimentos mistos. Sentimo-nos todos sozinhos, mas estamos todos juntos. Com este conceito, lançamos este ciclo Sozinhos Juntos, como forma de nos aproximar.".Numa altura em que os distribuidores têm apostado num cinema japonês mais consagrado, sobretudo depois da celebração internacional de Hirokazu Kore-eda, cujo novo filme, A Verdade, foi um dos primeiros a serem estreados após a reabertura das salas, em setembro a Leopardo Filmes vai repor em cópias digitais restauradas alguns dos clássicos do mestre Akira Kurosawa. Sente-se que há uma relação de fidelidade dos portugueses com o cinema japonês. Nesse sentido, é de realçar a escolha de obras de novos nomes da cinematografia japonesa, alguns deles já em reta de consagração com alguns festivais europeus..O ciclo arranca com The Tokyo Night Sky is Always is Always the Densest Shade of Blue, de Yuya Ishii, estreado em 2017 no Festival de Berlim. Conto noturno sobre dois jovens a deambular numa Tóquio capaz de confrontar desespero com esperança. É exibido dia 28 e, depois, 12 setembro..No dia seguinte, à mesma hora, chega Dear Stranger (2017), de Yukiko Mishima,relato, sobre uma crise de meia-idade de um executivo que descobre que vai ser de novo pai na mesma altura que enfrenta problemas laborais..Outra das descobertas nipónicas pode ser Three Stories of Love (2015), de Ryosuke Hashigushi, com exibições previstas 5 e 11 de setembro. O filme foi nomeado para melhor obra nos Asian Awards e é composto de três histórias diferentes sobre crises de identidade..Por fim, Life on the Longboard 2nd Wave (2019), de Ichiro Kita, com passagem a 18 e 19 de setembro. Uma história sobre o renascimento de um homem através do sonho do surf. Trata-se de uma sequela de Life on the Longboard, estreado no Japão em 2005....Os bilhetes gratuitos podem ser levantados no Museu do Oriente.