Santos: Responsabilidades, desculpas e a pergunta sem resposta

Seleção nacional derrotada pela Sérvia (2-1) terá de jogar um playoff de apuramento em março. Fernando Santos assumiu responsabilidade, Bernardo pediu desculpa aos portugueses.
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Primeiro assumiu responsabilidades pela derrota com a Sérvia esta noite no Estádio da Luz (2-1), depois Fernando Santos pediu desculpa pelo não apuramento direto para o Mundial 2022, disse entender que os portugueses peçam a cabeça dele e por fim ficou sem resposta a uma pergunta... que todo o mundo faz. Porque é que Portugal com tanto talento joga tão pouco futebol? Eis a questão que deixou Fernando Santos sem resposta. "O que é que eu vou responder a isso?", questionou resignado, depois de alguns momentos de um silêncio constrangedor.

O selecionador nacional disse confiar na presença no Qatar: "Temos de pedir desculpa. O povo está triste, os jogadores estão tristes. A minha equipa vai estar no Qatar, isso é garantido. Comigo nunca fomos a playoff, não é habitual. Portugal já teve três playoffs e ganhou-os. Eu próprio disputei um para o Campeonato do Mundo e venci-o."

No final do jogo, foram muitos os adeptos que mostraram lenços brancos. O que diz a quem não o quer como selecionador? "É normal. É uma questão que se coloca muitas vezes para um treinador. É normal que os portugueses manifestem essa vontade, mas é um assunto que eu... acredito que tenho toda a capacidade para levar Portugal ao Qatar", respondeu o engenheiro, que em 2016 liderou Portugal na conquista do europeu.

No final do jogo, Fernando Santos dirigiu-se a Cristiano Ronaldo, que disse qualquer coisa ao selecionador de braços abertos e fazendo um gesto com a mão. Era frustração ou algo mais? "Ele estava a dizer que, na Sérvia, tinha marcado um golo no último minuto e não foi validado. Era o que ele estava a dizer. É o desabafo dele, é normal, estava frustrado", explicou o técnico nacional.

"O Nosso ADN é para jogar no pé, mas tivemos dificuldades. É verdade que a equipa se despersonaliza. O Bernardo quis bola, mas foi o único. Jogámos sempre com receio e alguma ansiedade. Para o lado, para o guarda-redes... A responsabilidade é minha. Todos sabemos que não fizemos tudo o que devíamos. Mas vamos estar no Qatar. Os jogadores sabem que sempre jogamos para ganhar, a pensar momento ofensivo e não tanto no defensivo. Nem sempre sai como quero nem como os jogadores querem. A responsabilidade é minha",

"Entrámos bem, pressionámos, fizemos golo. Depois começámos a não ter bola, a baixar linhas e a chegar atrasados. O adversário a jogar a quatro, dificilmente acertámos as marcações. Depois meti quatro médios interiores, para os laterais não estarem tão fechados e abrirem mais. Tivemos sempre muitas dificuldades. Tentei, os jogadores tentaram, lutaram. Sempre que ligámos o jogo criávamos situações e dificuldades. Mas a maior parte das vezes não conseguimos. A responsabilidade é minha. A mensagem não era para jogarmos assim. Se fosse para empatar não teríamos jogado assim, em 4x3x3", justificou o selecionador nacional.

O selecionador queixou-se que "alguns jogadores não conseguiram perceber bem as mensagens" passadas e que ao intervalo explicou melhor o que pretendia: "Queria que os nossos laterais subissem mais, jogassem mais a frente. O jogo aí ficou mais equilibrado. Não houve tanta dificuldade. Criámos 2 ou 3 oportunidades de golo, eles também. Tivemos lance flagrante do Renato. A dada altura teve que sair. Metemos o Bruno para continuar a dar mobilidade à equipa."

E tirou Bernardo Silva... "Ele pediu para sair. Não sou tolinho. Era o jogador que estava a desequilibrar, por alguma coisa teve que ser. Entrou na segunda parte e disse que as pernas estavam muito usadas, já não conseguia mais. Obviamente que não era ele que ia ser substituído. Mas teve que ser."

"Péssimo jogo de Portugal. Marcamos cedo mas a partir daí deixamos de jogar. Não consigo encontrar grandes explicações. Podemos fazer muito melhor. Temos um playoff que vamos disputar e vamos dar o nosso melhor para nos qualificarmos. Com um estádio com 65 mil pessoas tínhamos de fazer muito melhor. Desde já, pedir desculpa aos portugueses que vieram aqui assistir a um jogo que não deveria ter existido", disse o médio do Manchester City à RTP.

Segundo João Palhinha o balneário "está de rastos" e sabe o que devia ter feito e não fez. "Sabemos que não fizemos um bom jogo. Acreditamos que ainda está ao nosso alcance. A Sérvia teve a felicidade de, nos últimos minutos, marcar o golo da vitória. Estamos muito tristes, temos de ir atrás do apuramento no playoff", disse o médio do Sporting, que este domingo foi suplente e só entrou perto do fim do jogo.

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