"A manifestação não foi marcada este ano [para 5 de outubro, véspera das legislativas] por haver eleições, é um ato público anual neste dia e não deve deixar de ser por haver eleições.".Numa declaração (por escrito) ao DN, Mário Nogueira, presidente da Fenprof, reagiu assim ao facto de a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter avisado, também ao DN, que violar a lei que proíbe propaganda política na véspera de um ato eleitoral é crime e pode implicar até seis meses de prisão..Depois de recordar que outras nove organizações, além da Fenprof, também convocaram a manifestação - com que se assinala o Dia Mundial do Professor -, Mário Nogueira assegura: "A convocatória não tem nada de propaganda eleitoral; o lema não tem nada a ver com eleições, respeitando o mote mundial; as bandeiras não terão nada a ver com eleições; não haverá discursos finais, apenas três saudações aos professores presentes por se assinalar o seu dia.".Na nota enviada ao DN, a CNE disse também que "fará a competente participação junto do Ministério Público" se, nesse dia lhe for "participada qualquer situação" que indicie a violação da proibição de fazer propaganda eleitoral - recordando pelo meio que a proibição se aplica a "todos os cidadãos e entidades" - e não só a partidos e respetivos ativistas..A este aviso, Mário Nogueira reagiu com outro aviso: "Esperamos que a CNE esteja bem atenta ao que se passar para, se alguém apresentar alguma queixa, possa julgar adequadamente.".Ou, dito por outras palavras: "Que ninguém tente obstaculizar a celebração profissional que os professores, em todo o mundo, celebram por iniciativa da Unesco, OIT e Internacional de Educação.".O líder da Fenprof assegura que concorda com a lei que proíbe propaganda no chamado dia de reflexão: "Também é nossa opinião que deverá ser punida nos termos da lei"..Mas logo a seguir recomenda à Comissão Nacional de Eleições que não olhe apenas para a iniciativa dos professores. "Convém, por isso, estar atento ao que se passa, mas não é só na manifestação, nem em Lisboa, mas em todo o país.".A manifestação terá lugar em Lisboa, começando no Marquês de Pombal e terminando no Rossio..Negociações paradas.A Fenprof também já ameaçou fazer uma greve ao trabalho em excesso, com início a 21 de outubro, caso as escolas os obriguem a trabalhar além das 35 horas semanais previstas por lei..O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, avisou entretanto afirmou que não haverá negociações com os sindicatos dos professores antes das próximas eleições legislativas, apesar do pré-aviso de greve às horas extraordinárias.."As negociações que aconteçam com organizações sindicais de docentes ou não docentes, obviamente, ficarão para o próximo Governo. Não seria avisado, nem as organizações sindicais estariam preparadas para fazer qualquer tipo de negociação. Seria até caricatural fazer qualquer tipo de negociação", comentou o ministro.