A peça "é um quadro da vivência de duas pessoas, que tende a ter alguma comicidade, e ao mesmo tempo, reviver alguns aspetos da nossa história recente, dentro de uma situação de pura e absoluta brincadeira", disse à Lusa Rui de Matos.."O ponto essencial da peça é a denúncia da falcatrua, a vários níveis, desde o vulgar burlão aos falsos profetas", acrescentou..Dois homens, com um passado comum numa ex-colónia africana portuguesa, reencontram-se 40 anos depois, num quarto alugado, adiantou à Lusa fonte da Jafes Produções sobre a trama da peça.."Um, Zorba, é apaixonado pela música, mas que fez sempre toda a sua vida de esquemas, ora, cravando uns, com alguns escudos, ora vivendo à conta de outrem, um 'bon vivant', sempre chapa ganha, chapa gasta, que cumpriu em África o serviço militar, o outro, vindo da aldeia, procurando melhores condições de vida, rumou também a África, mas com a intenção de uma vida normal e regrada, com a mulher, e, no seu dia-a-dia de empregado do Café Continental, chama-se Anselmo"..Faz-te ao largo tem antestreia marcada para o dia 1 de setembro no Teatro Armando Cortez, anexo à Casa do Artista, em Carnide, em Lisboa, e cuja receita reverte na totalidade para esta instituição de solidariedade social..A peça, à qual Rui de Matos se referiu como "uma comédia de costumes", está em cena neste teatro até 18 de setembro, "com a particularidade de em cada sessão, metade da receita reverter para uma instituição de solidariedade social ou corporação de bombeiros", disse à Lusa fonte da produtora.."Há já várias instituições e corporações escolhidas, mas há ainda sessões para as quais estamos abertos a receber propostas das entidades de solidariedade social", acrescentou a mesma fonte..Segundo a mesma fonte, em digressão, a peça prosseguirá o mesmo objetivo, isto é, metade das receitas líquidas da sala reverte para uma instituição de solidariedade social ou bombeiros..O encenador recusou qualquer extrapolação da peça, para além da própria ação dramatúrgica.."Atualmente, há uma tendência para pegar em coisas muito inócuas e dar-lhes umas importâncias que as peças não têm, nem estão lá", sentenciou.."Aqui, o caso é uma anedota, dois homens que se reencontram passados 40 anos e que há um conflito pendente dessa época, que nada tem a ver com algum aspeto político, sociocultural, ou socioeconómico. É uma coisa extremamente simples, um fator relacional, mas é curiosa a situação em que se reencontram, completamente inverosímil para se encontrarem duas pessoas", contou Rui de Matos.."Não é uma peça fácil, pois vive muito de um diálogo que tem de ser particularmente expressivo e bem representado, o que realça o trabalho dos dois atores", rematou..Relativamente ao cenário e à cenografia, foram pensados tendo em conta que é uma espetáculo de itinerância, disse Rui de Matos, que afirmou ter tido especial preocupação com a marcação dos dois atores no espaço de um quarto.