Ex-KGB diz que há 50 casais de espiões nos EUA

Um dos mais famosos dissidentes da Guerra-Fria, o ex-vice-chefe do KGB Oleg Gordievsky, afirmou hoje que a Rússia deve ter cerca de 50 casais de espiões dentro dos Estados Unidos.<br />
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Gordievsky, que desertou da União Soviética em 1985 e vive desde então em Londres, disse à agência norte-americana Associated Press que o presidente russo, Dmitri Medvedev, sabe quantos operacionais ilegais há em cada país alvo.

"Para o KGB há normalmente 40 a 50 casais, todos ilegais", disse o ex-agente duplo, de 71 anos, aludindo à sua experiência nos serviços secretos russos, onde durante nove anos trabalhou no departamento responsável pelas equipas de espiões.

"O presidente saberá o número e quantos há em cada país. Mas os nomes não", disse.

O FBI anunciou segunda-feira a detenção de 10 alegados agentes secretos russos em resultado de uma investigação de vários anos.

Os detidos são suspeitos de tentarem infiltrar-se junto de decisores políticos fazendo-se passar por cidadãos vulgares. Todos os 10 foram acusados de "conspiração para actuar com agente ao serviço de um governo estrangeiro sem notificar o procurador-geral dos Estados Unidos", crime que tem como pena máxima cinco anos de prisão.

Uma décima primeira pessoa alegadamente envolvida na rede russa foi detida hoje no Chipre.

Os países têm em regra um determinado número de elementos dos serviços de informações cujas identidades são comunicadas aos países onde são colocados -- em embaixadas, delegações comerciais e outras representações oficiais.

Oleg Gordievsky disse calcular que haja nos Estados Unidos cerca de 400 elementos dos serviços de informações russos declarados e provavelmente outros 40 a 50 pares cuja missão é cultivar contactos com responsáveis políticos e militares que possam servir de fontes de informação.

Para Gordievsky, a complexidade envolvida no treino e colocação de equipas de agentes secretos faz com que seja improvável que haja um número significativamente superior ao que havia nos tempos em que esteve no KGB (actualmente designado FSB).

"Eu conheço os recursos deles e quantas pessoas podem treinar e mandar para outros países. É possível que haja mais agora, mas não muitos mais e nunca mais de 60", disse.

Segundo o ex-responsável dos serviços secretos russos, os agentes secretos não conseguem muitas vezes transmitir informações melhores que as dos seus colegas que operam "às claras": "É suposto serem a vanguarda da espionagem russa, mas aquilo que fazem verdadeiramente é nada, ficam apenas em casa, no Reino Unido, na França ou nos Estados Unidos".

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