A Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária Penal (Eurojust) indica haver já, no âmbito de uma Equipa de Investigação Conjunta, "grandes quantidades de informação e provas de alegados crimes de guerra" na Ucrânia, cometidos pela Rússia.."A 25 de março, foi criada uma Equipa de Investigação Conjunta [EIC] sobre alegados crimes de guerra na Ucrânia, entre a Ucrânia, Polónia e Lituânia, que irá trabalhar na recolha e processamento de informações e provas, que poderão ser disponibilizadas a investigadores forenses no terreno, com depoimentos de testemunhas e possivelmente por terceiros, tais como ONG", indica a Eurojust numa resposta escrita enviada à Lusa..Um dia após a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ter anunciado uma investigação da União Europeia (UE) a alegados crimes cometidos em Bucha e noutras cidades ucranianas pelas tropas russas, salientando que os "perpetradores de crimes hediondos não podem ficar impunes", a Eurojust avança à Lusa que "já foram disponibilizadas grandes quantidades de informação e provas de alegados crimes de guerra na Ucrânia"..O objetivo desta investigação é, então, "servir processos judiciais que poderão ser introduzidos mais tarde", com casos que "poderiam ser julgados na Ucrânia, nos Estados-membros da UE ou possivelmente mesmo perante o Tribunal Penal Internacional".."Em cada cenário, temos de nos certificar de que podem ser apresentadas provas convincentes e admissíveis, e é aqui que a experiência e o 'know-how' da Eurojust serão importantes", vinca a agência europeia na resposta à Lusa..Com 20 aos de experiência na coordenação de investigações transfronteiriças, a Eurojust aponta que assumirá este papel "também entre as investigações em curso na Ucrânia e nos Estados-membros da UE".."Precisamos de assegurar a sua utilização otimizada [das provas], por um lado ligando cada peça de informação a datas, locais e perpetradores, tais como unidades militares, e por outro lado racionalizando a disponibilidade para a sua possível utilização em tribunal. Assegurar a disponibilidade de provas no local certo no momento certo também serve para evitar a vitimização secundária das vítimas de guerra, assegurando que estas não sejam sujeitas a interrogatórios repetidos", adianta a agência europeia..A Eurojust está, então, a apoiar a EIC com procuradores e investigadores para o intercâmbio de provas, bem como prestando assistência jurídica e operacional..Além disso, fornece apoio financeiro e logístico à EIC, facultando locais de reunião, tradução, equipamento e cobertura de custos de viagem, numa verba não indicada na resposta à Lusa.."As reuniões de coordenação entre os membros da EIC estão a ter lugar com muita regularidade, o que inclui também contactos com ONGs dentro e fora da Ucrânia que podem ter informações valiosas que podem contribuir para a investigação", assegura a Eurojust..A agência europeia para a cooperação judiciária diz ainda que pretende manter o Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) "estreitamente envolvido", tendo convidado esta instância para se juntar formalmente à investigação..Também hoje, a Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol) disse à Lusa estar em diálogo com as autoridades ucranianas para determinar o apoio que pode prestar na análise das provas recolhidas no terreno de alegados crimes de guerra cometidos pelas forças russas na Ucrânia..Está prevista a coordenação entre Bruxelas e Kiev para investigar crimes de guerra e crimes contra a humanidade, no âmbito da qual a UE diz estar disponível para enviar equipas de investigação para o terreno para apoiar os serviços do Ministério Público ucraniano, nomeadamente com assistência das agências europeias de questões judiciais (Eurojust) e de polícia (Europol)..A retirada das tropas russas do norte de Kiev permitiu ver indícios de alegadas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Bucha e noutras áreas..A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.