EUA. Senador republicano investigado por vender ações antes da queda da bolsa
De acordo com media norte-americanos, a investigação está a ser coordenada com a Comissão do Mercado de Valores (SCE, na sigla em inglês) e centra-se, de momento, no senador do partido Republicano Richard Burr, presidente do Comité dos Serviços de Informações daquele órgão.
Burr também integra o Comité de Saúde, Educação e Trabalho do Senado, onde os legisladores tiveram acesso prévio a informações específicas de agências federais norte-americanas, e que originou indignação no país.
O anúncio da investigação do Departamento de Justiça foi revelado inicialmente pela cadeia televisiva CNN.
Burr, senador pela Carolina do Norte, desfez-se em fevereiro de ações avaliadas entre 600 mil dólares e 1,62 milhões de dólares (entre 538 mil euros e 1,4 milhões de euros), pouco antes da bolsa de Wall Street entrar em queda livre e chegar a registar mínimos desde 1987.
Os congressistas, os seus empregados e outros funcionários federais estão proibidos por lei de realizar operações financeiras baseadas na informação que obtiverem no âmbito da sua função oficial.
"A lei deixa claro que qualquer norte-americano, incluindo um senador, pode participar na bolsa de valores com base numa informação pública, como fez o senador Burr. Quando este tema surgiu, o senador Burr imediatamente pediu ao Comité de Ética do Senado que iniciasse um exame completo, e cooperará com esse exame e ainda com qualquer outra questão", disse Alice Fischer, advogada de Burr.
A informação da venda de ações foi inicialmente divulgada pela ProPublica, uma organização independente de jornalismo de investigação sem fins lucrativos sediada em Nova Iorque.
Dias antes da venda em massa de ações, Burr tinha escrito um artigo na Fox News em que considerava que os EUA estavam "mais bem preparados que nunca para enfrentar as emergentes ameaças de saúde pública".
Em simultâneo, a também Republicana Kelly Loeffler, senadora pela Geórgia, realizou várias operações de venda de ações num valor calculado entre 1 e 2,5 milhões de dólares (897 mil euros e 2,2 milhões de dólares).
Loeffler é casada com o presidente da bolsa de Nova Iorque, apesar de ainda não ter sido revelada qualquer investigação sobre o seu caso.
A bolsa de Nova Iorque perdeu mais de um terço do seu valor desde meados de fevereiro quando foi conhecida a magnitude do novo coronavírus.
Segundo os dados de diversas autoridades de saúde, dois países já ultrapassam ao 100.000 contagiados, os Estados Unidos (145.000) e a Itália (101.000), apesar de este último ter divulgado esta segunda-feira o número mais baixo de novos casos diários (4.050) das últimas duas semanas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.