Estrangeiros a trabalhar em Portugal com maior aumento desde a crise

São mais jovens e mais qualificados, mas têm contratos mais precários e têm salários mais baixos do que a população nacional. O normal na imigração.
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Portugal voltou a atrair mais trabalhadores estrangeiros, em 2019, registando o ritmo de crescimento maior desde que há dados. No ano passado, foram mais 34 mil do que em 2018, reforçando uma tendência que já se notava desde 2017. O número de estrangeiros empregados atingiu mesmo o maior valor desde o início da crise, ultrapassando as 155 mil pessoas. Em 2011, ano em que se inicia a atual série, eram 151,5 mil indivíduos.

Os cálculos do DN/ Dinheiro Vivo com base no inquérito ao emprego, do Instituto Nacional de Estatística (INE), mostram que o número de estrangeiros a trabalhar em Portugal teve o maior salto entre 2018 e 2019 - mais 28% -, a que não será alheia a recuperação do mercado de trabalho (pelo menos era isto que acontecia antes do surto recente de coronavírus). Os dados existentes, e mesmo que não sejam comparáveis, permitem mesmo assim verificar que ainda não foram atingidos os números de 2008, quando estavam a trabalhar em Portugal mais de 178 mil estrangeiros.

Após a crise financeira de 2009, o contingente de trabalhadores de outras nacionalidades decresceu sempre, atingindo o valor mais baixo em 2016, ano em que somaram apenas 103 mil.

Mais jovens e precários

Os trabalhadores estrangeiros em Portugal são mais jovens do que os nacionais, e mais de um terço tem contratos precários. De acordo com o INE, 40% da população estrangeira a trabalhar em Portugal tem entre 15 e 34 anos - o que excede a proporção de portugueses nessa faixa etária, que é de apenas 25,3%. Também no grupo etário imediatamente superior, de jovens adultos, entre os 35 e os 44 anos, os estrangeiros empregados são proporcionalmente mais do que os portugueses. Apenas na faixa com 45 anos ou mais, a população portuguesa empregada apresenta uma relação maior. Como é normal na emigração, os jovens estão sobre-representados - enquanto os números referentes a trabalhadores nacionais apresentam-nos como mais velhos.

Também do ponto de vista da qualificação os estrangeiros estão proporcionalmente mais qualificados. Com o ensino secundário há 43% de estrangeiros e apenas 28,6% de nacionais - por outro lado, mais de 43% da população empregada nacional tem até ao terceiro ciclo do ensino básico, enquanto os estrangeiros são apenas menos de um terço. Já no ensino superior, as quotas estão muito próximas.

Apesar de uma qualificação maior ou semelhante à dos portugueses, os estrangeiros ganham, em média, um rendimento mensal líquido mais baixo. A fatia mais significativa situa-se no escalão entre os 600 e os 900 euros por mês, tal como os trabalhadores nacionais, mas a maior diferença está no escalão mais elevado de rendimentos. Cerca de um terço dos portugueses estão neste patamar, contra cerca de 18% dos estrangeiros.

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