A decisão de insolvência, segundo a declaração hoje publicada em Diário da República, foi tomada a 5 de março pelo Tribunal Judicial de Viana do Castelo, a pedido de uma outra empresa da cidade, credora da VianaPesca, Construções e Reparações Navais em 41 706 euros..Nesta declaração, o tribunal fixa 30 dias para a reclamação de eventuais créditos, designando o dia 14 de maio, pelas 13.45, para a realização da assembleia de credores de apreciação do relatório a elaborar, pelo agora nomeado, administrador de insolvência..Desde novembro de 2007 que o estaleiro, com sede em Viana do Castelo e que produzia lanchas rápidas, entrou em declínio..Foi investigado pelas autoridades espanholas, em parceria com a Polícia Judiciária, por alegadamente fornecer "lanchas voadoras" a um grupo de traficantes de droga desmantelado na mesma altura, na Galiza, Espanha..O clã era liderado por Ramiro Vázquez Roma, tido como principal traficante de cocaína na Galiza e simultaneamente "comissionista" da empresa portuguesa, mas que foi apanhado num desembarque de quatro toneladas de cocaína naquela região espanhola.."A nossa empresa produzia barcos, por exemplo, para as marinhas de Espanha e de Portugal, mas também da Guiné-Bissau e de Marrocos, entre outras. Não podemos ser culpados pela utilização que era dada às lanchas, como querem fazer parecer", apontou à Lusa, recentemente, Francisco Portela Rosa, um dos administradores..Em causa está a atividade da SeaRib's, uma sociedade portuguesa com sede em Vigo, na Galiza, participada pela empresa VianaPesca, cujos estaleiros estão instalados em Viana do Castelo e que foram revistados, na altura, pela Polícia Judiciária, para atestar a relação de Ramiro Vázquez..Segundo fontes da investigação espanhola, a VianaPesca seria o "centro das operações da organização" supostamente dirigida por Ramiro, hoje com 45 anos, e que foi detido na mesma altura em Pontevedra, Galiza, juntamente com mais seis suspeitos, por tráfico de cocaína..Acrescenta a investigação que na empresa de Viana do Castelo foram encontradas quatro denominadas "lanchas voadoras" - por atingirem velocidades na ordem dos 150 quilómetros por hora -, com 25 metros de comprimento, uma alegada encomenda de um "grupo colombiano que traficava cocaína desde a Guiné-Bissau para a Galiza".."Há factos em todo este processo. Espanha queria acabar com a empresa e conseguiu. Sempre que há notícias destas do outro lado da fronteira, os responsáveis da polícia espanhola são promovidos", apontou Portela Rosa..A investigação espanhola garante que o estaleiro de Viana do Castelo está avaliado em, "pelo menos", 1,5 milhões de euros, que uma participação pertenceria à mulher do alegado traficante galego e a empresa seria utilizada para "lavagem de dinheiro" proveniente do tráfico de droga..Segundo Portela Rosa, a atividade dos estaleiros da Vianapesca é "praticamente inexistente" nesta altura e os cerca de 60 trabalhadores foram integrados noutras empresas do ramo.