Erupções vulcânicas. Quando os gigantes acordam sem aviso
Aconteceu sem aviso. O vulcão da pequena ilha White, na Nova Zelândia, entrou repentinamente em erupção, num momento em que um grupo de 47 pessoas, entre guias e turistas de várias nacionalidades, se encontravam ali de visita e, por isso, o resultado foi pesado: pelo menos 16 mortos confirmados e 30 feridos, alguns com queimaduras graves. É o balanço da erupção vulcânica mais recente, que fica marcada sobretudo pelo seu carácter inesperado e, por isso, letal.
"Não houve, na verdade, nenhum indício de que, dentro de poucos minutos, ia dar-se uma explosão daquela magnitude", explicou o geólogo da Universidade de Auckland, Phil Shane, ao diário neozelandês online Stuff, depois de ter visionado um vídeo captado junto da cratera menos de meia hora antes, por um turista que já tinha regressado ao barco quando se deu a erupção.
Prever uma erupção vulcânica é praticamente impossível, a menos que se trate de um vulcão muito estudado e monitorizado, como é o caso do Etna, na Sicília. Dada a sua atividade intensa e a sua proximidade de grandes aglomerados populacionais, os cientistas têm equipamentos de monitorização instalados em vários pontos da sua montanha vulcânica e seguem-no de muito perto, conseguindo por vezes antecipar em algumas horas uma erupção vulcânica nos movimentos geológicos registados na sua base e encostas.
Existem mais de 1500 vulcões ativos no mundo, considerando-se ativos os vulcões que registaram pelo menos uma erupção nos últimos dez mil anos.
Nesse sentido, há vários vulcões ativos em território português, nos Açores, onde a erupção mais recente registada, a do vulcão da Serreta, ocorreu no fundo marinho, junto à ilha Terceira, em 1998, tendo-se prolongado até 2000.
Há uma generosa cronologia de erupções vulcânicas no arquipélago desde que começou a ser povoado, a partir do final do século XIV, mas a que está ainda na memória de todos foi a que ocorreu no vulcão dos Capelinhos, no extremo da ilha do Faial, em setembro de 1957, destruindo as localidades de Capelo e da Praia do Norte. Embora sem fazer vítimas, a erupção dos Capelinhos deixou soterrados casas e campos agrícolas e desencadeou uma onda de emigração para os Estados Unidos.
De acordo com os dados do Programa de Vulcanismo Global do Museu Smithsonian de História Natural, nos Estados Unidos, que mantém atualizada a lista de vulcões com erupções ativas no mundo, há nesta altura 45 vulcões que estão em erupção no planeta, da Rússia aos Estados Unidos, mas também na América do Sul (no Equador, no Chile ou no Peru, entre outros), na Europa, em Itália (o Etna e o Stromboli), em África (Etiópia) e na Ásia, em países como a Indonésia ou o Japão. E, claro, na Nova Zelândia.
Embora não esteja em erupção nesta altura, merece menção particular o vulcão de Mauna Loa, no Havai, por ser o maior de todos no mundo. A última erupção ali registada, em 1984, não fez vítimas e a lava ficou às portas da cidade de Hilo. Mas este é um gigante que os cientistas seguem de perto.
Outro, de nome impronunciável, mas talvez o mais famoso desde que em 2010 causou uma crise no tráfego aéreo no hemisfério norte, é o vulcão islandês Eyjafjallajökull. Desde então, tem estado quieto, mas é dos que inspiram preocupações, dada a sua explosividade quando acorda.