Emily Blunt: "Jungle Cruise é um filme tratado com muito amor"
De Indiana Jones a Em Busca da Esmeralda Perdida, o cinema americano de aventuras nunca mais encontrou o eldorado da diversão certa. Não vai ser em Jungle Cruise - A Maldição nos Confins da Selva, de Jaume Collet-Serra, fantasia que se inspira mais em Piratas das Caraíbas (já agora, mais na última fase fantasiosa da franquia do que no primeiro, diga-se em abono da verdade...), que o efeito mágico voltará. Aqui estamos mesmo perante um conceito de adaptação de cinema de uma atração de parque de diversões, o cruzeiro molhado da Disneyland. A história, que é o que menos importa, conta as aventuras de um capitão de cruzeiros na Amazónia brasileira e uma exploradora inglesa que persegue uma antiga lenda sobre uma pétala milagrosa que pode curar todas os males e doenças. Juntos vão embrenhar-se pela selva numa série de peripécias que metem jiboias, muitas jiboias, águas perigosas, piranhas, maldições com conquistadores espanhóis de outros séculos, tribos canibais e até um submarino nazi comandado por um louco príncipe alemão que também está em busca do mesmo.
Filmado com um orçamento principesco de quase 200 milhões de euros, Jungle Cruise - A Maldição nos Confins da Selva é uma das principais apostas da Disney para criar uma nova franquia. Se os resultados forem bons, sobretudo no cumulativo de cinemas e da Disney + (chega nesta sexta à plataforma por um preço premium), é mais do que garantido que o estúdio do Rato Mickey tenha um novo filão para dar muitos filmes. Para isso, há um elenco com duas das maiores vedetas de Hollywood da atualidade, Emily Blunt, que depois do novo Mary Poppins é uma das princesas Disney, e Dwayne Johnson, supostamente o ator mais rentável na América, depois de sucessos como San Andreas, Jumanji e os filmes aceleras Fast. Um casal improvável rio acima. Ele, musculado e com um humor de galã frustrado, ela em permanente pose de emancipação feminina e sem medo dos maiores perigos. São eles precisamente quem se disponibilizaram para uma conferência com a imprensa internacional via webinar.
Entre sorrisos e cumplicidades com piada interna, lado a lado, os atores mostram-se felizes por finalmente poderem mostrar ao mundo este festival de efeitos digitais - a maioria da selva é uma invenção de computador e um dos animais principais da história, um leopardo simpático, é todo ele CGI, tal como os felinos de O Rei Leão, de Jon Favreau.
"Demasiada diversão", começa por dizer Emily Blunt, que interpreta a sua Lily Houghton, com uma bravura britânica arrebitada. "Esta Lily tem muito mais que ver comigo do que Mary Poppins. Tal como eu, é algo baralhada, apesar de eu tentar ser organizada e adorar planear tudo e mais alguma coisa. De certa maneira, depois, os meus planos alteram-se sempre. Mas, a sério, esta experiência foi muito recompensadora. Diria que é um filme tratado com muito amor e o tom está todo certo, sobretudo em consonância com os filmes que todos nós crescemos a ver. Por exemplo, sou grande fã de Indiana Jones e de Em Busca da Esmeralda Perdida, mas também de A Rainha Africana. Enfim, há qualquer coisa de nostálgico nisso e aí o realizador foi extraordinário como condutor desse espírito! Quando lhe perguntávamos sobre o verdadeiro tema do filme ele respondia sempre: amor!", completa. Dwayne Johnson quase que a interrompe: "O que nos atraiu a um filme a partir de uma diversão de parque temático foi a nostalgia! Esta atração de 1955 era a menina dos olhos do senhor Walt Disney. Lembro-me da primeira vez em que andei nesta atração! Senti que era uma oportunidade única na minha carreira. Depois contou muito haver este argumento e o facto de ser o Jaume Collet-Serra a realizar... Ele é o melhor segredo de Hollywood."
O matulão principal ex-estrela do wrestling acredita que o filme é muito mais do que estava à espera: "O seu charme está precisamente na sua simplicidade, mas ao mesmo tempo consegue ser didático e uma verdadeira comédia com todos os elementos de diversão da diversão da qual se inspira. Acho que acertámos, levámos este conceito a bom porto! Havia aqui muito potencial e quando me convidaram disse sim imediatamente." Dwayne Johnson quando fala na componente didática está a referir-se à questão de ser o primeiro filme Disney com uma personagem gay e a sua defesa, neste caso com um discurso anti-homofóbico. Além do mais, as personagens dos conquistadores espanhóis são apresentadas com uma abordagem crítica sobre o colonialismo e a falta de humanismo perante os indígenas. Mas Jungle Cruise é diversão de verão inofensiva e com alguns valores "clássicos" do cinema de aventuras. Não quer ser mais do que uma proposta de entretenimento familiar patusco e assumidamente tolo, onde atores secundários como Jesse Plemons e Paul Giamatti encontram o tom de pastiche correto. E todo o humor juvenil está longe de ofender.
No final deste encontro virtual, Dwayne e Emily continuam a meter-se um com o outro. Entre gargalhadas e risadas nenhum deles se compromete com sequelas. Por muito que seja desconfortavelmente bizarro, a Disney vai insistir neste casal romântico como uma nova parelha de aventuras...
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