PJ deteve o hacker que roubou mails ao Benfica
Segundo um comunicado divulgado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de extorsão qualificada na forma tentada, acesso ilegítimo, ofensa a pessoa coletiva e violação de segredo.
O inquérito corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da Polícia Judiciária, diz a PGR. A PJ "está a acompanhar presencialmente a execução da detenção e das diligências subsequentes, no âmbito de uma Decisão Europeia de Investigação", é acrescentado.
O detido é o principal suspeito do roubo da correspondência eletrónica do clube da Luz e também do Sporting e do Porto. Está associado à página de facebook Football Leaks, na qual divulgou contratos, negócios e outras atividades da gestão interna do Benfica. Quando já sabia que as autoridades o tinham identificado, publicou uma frase provocatória: "PJ à minha procura? LOL #apanhem-me se puderem".
Este acesso ilegítimo deu origem ao processo que ficou conhecido como "Caso dos emails". Começou quando, em outubro de 2017 o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, começou a revelar emails do Benfica, falando numa troca de correspondência entre Rui Pereira, chefe de segurança do Benfica, para Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD encarnada, relativamente a um alegado apoio do clube às claques.
Francisco Marques denunciou um alegado esquema de corrupção de árbitros a favorecer o Benfica, envolvendo a SAD dos encarnados, o ex-árbitro Adão Mendes e Pedro Guerra, antigo diretor de conteúdos da BTV. Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Nuno Cabral (ex-árbitro e então delegado da Liga de Clubes), além de Ferreira Nunes, antigo responsável pela classificação dos árbitros, eram também visados.
Em junho desse ano o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) abriu um inquérito a que se seguiram buscas da PJ no Estádio da Luz e às residências de Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Ferreira Nunes (ex-responsável pela classificação dos árbitros), Adão Mendes, Nuno Cabral e Pedro Guerra.
O Benfica recorreu para tribunal e conseguiu que a Relação proibisse o FC Porto de continuar a divulgar os mails. Este mês foi decidido que o caso avança mesmo para julgamento, depois de Benfica e FC Porto não terem chegado a acordo na audiência preliminar realizada no Juízo Cível do Porto.
O Benfica exige ao FC Porto uma indemnização de 17,7 milhões de euros por dano de violação de correspondência privada.