I Liga e final da Taça têm luz verde, mas a DGS tem a última palavra

As medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros garantem o regresso do futebol, mas ainda estará sujeita a aprovação do protocolo sanitário. Portugal é o primeiro país a ter a retoma do futebol, pode seguir-se a Alemanha.
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O primeiro-ministro António Costa anunciou esta quinta-feira que a I Liga de futebol poderá ser retomada no último fim de semana do mês de maio, mais concretamente nos dias 30 e 31. Esta foi uma das medidas transmitidas pelo chefe do governo inserida no plano de transição do estado de emergência para o estado de calamidade, aprovado pelo Conselho de Ministros, dois meses após ser diagnosticado o primeiro caso de covid-19.

"No fim de semana 30 e 31 de maio inicia-se a conclusão das provas oficiais da I Liga futebol profissional, permitindo a realização das últimas dez jornadas do campeonato, e também a final da Taça de Portugal", assumiu o primeiro-ministro, explicando que este reinício "está sujeito ainda à aprovação pela Direção Geral da Saúde do protocolo sanitário que foi apresentado pela Liga de Futebol Profissional".

Por outro lado, António Costa assumiu ainda que a retoma da I Liga "está ainda condicionada à avaliação dos estádios que cumpram todas as condições indispensáveis para que a atividade seja retomada". Ainda assim, é certo que o regresso dos jogos "será sempre feito à porta fechada, quer na I Liga, quer na final da Taça de Portugal". Neste sentido, é praticamente certo que Marítimo e Santa Clara vão realizar os seus jogos em casa no continente, por forma a evitar as viagens de avião e, consequente, exposição a contágios.

No que diz respeito à I Liga, faltam disputar 90 jogos, numa competição que é liderada pelo FC Porto, com um ponto de vantagem sobre o campeão Benfica. Aliás, as duas equipas vão disputar a final da Taça de Portugal. As datas dos jogos deverão ser anunciadas pela Liga nos próximos dias, mas é certo que, a confirmar-se o reinício para o fim de semana de 30 e 31 de maio, será possível cumprir a determinação da UEFA que pretende que a temporada seja encerrada até ao dia 3 de agosto.

Bundesliga será a próxima a anunciar o regresso

A Liga portuguesa é assim uma das primeiras a anunciar o regresso a tempo de ser concluída a temporada. Uma estratégia que já tinha sido seguida pela Alemanha, embora esta quinta-feira a chanceler Angela Merkel tenha garantido que no próximo dia 6 de maio irá tomar uma decisão definitiva sobre o regresso da Bundesliga, certo é que já não será retomada a 9 de maio, conforme era o objetivo inicial. Nesse sentido, o dia 22 surge agora como uma data provável, ou o mais tardar o fim de semana em que regressa o futebol em Portugal.

No que diz respeito à Premier League, a melhor das hipóteses apontam para uma retoma no fim de semana de 13 e 14 de junho, embora ainda dependa das autoridades de saúde britânicas. A este propósito, José Mourinho, treinador do Tottenham, disse à estação de televisão Sky Sports, que o regresso do campeonato inglês seria "uma luz ao fundo do túnel". "Se jogarmos as nove partidas restantes desta temporada, será bom para todos", acrescentou o técnico português.

Neste momento já é certo que os campeonatos da Holanda e de França foram cancelados, sendo que apenas no caso gaulês foi atribuído o título ao PSG.

II Liga sem condições para voltar. Nacional e Farense esperam subir

Certo é que a II Liga não será retomada e está desde já cancelada. Uma ideia que ficou clara pela justificação de António Costa: "Ouvimos a Liga de Clubes e a Federação Portuguesa de Futebol, mas a avaliação que fizemos é que só para a I Liga havia condições, mesmo assim muito limitadas."

"A abertura da atividade desportiva para conclusão desta época e foi feita com base num protocolo preparado pela Liga e que a Direção Geral da Saúde está a analisar, tendo em conta a especificidade daquela atividade e tendo em conta que a medicina do trabalho daqueles profissionais é seguramente das mais qualificadas e exigentes. Além disso, são pessoas que, quer pela idade ou pela sua condição física, de baixo risco", esclareceu António Costa.

Refira-se que na altura da suspensão da II Liga, Nacional e Farense ocupavam os dois lugares de subida à I Liga, com os madeirenses no primeiro lugar, com 50 pontos, mais dois do que os algarvios. Cova da Piedade e Casa Pia encontravam-se nos lugares de despromoção, restando agora à Liga de Clubes decidir o que fazer relativamente a subidas, mas também às despromoções ao Campeonato de Portugal.

O Farense pretende, entretanto, ver confirmada a subida à I Liga, apesar de o campeonato ter sido dado como concluído com dez jornadas ainda por disputar. De acordo com uma fonte dos algarvios citada pela agência Lusa, o clube vai aguardar pela "homologação" da classificação e pela "consequente subida, confirmando a indicação dada na semana passada pela UEFA de premiar as equipas por mérito desportivo".

Apesar de ter uma situação estabilizada na classificação da II Liga, a Oliveirense criticou, em comunicado, a decisão do Governo em fazer regressar apenas o escalão principal, considerando haver "dois pesos e duas medidas para o futebol profissional em Portugal".

"Há um regime de exceção para a I Liga e Taça de Portugal. Ou paramos todos ou jogamos todos", lê-se no comunicado assinado pelo presidente do clube de Oliveira de Azeméis, Horácio Bastos.

Sporting quer compensar os sócios

O Sporting foi o primeiro clube a reagir à decisão do Governo em permitir a conclusão da I Liga com um comunicado em que informa os seus adeptos que "o regresso à competição está agendado para o dia 1 de junho" e que os jogos serão realizados "à porta fechada".

"Acreditamos que encontraremos novas formas de apoio para ultrapassar este momento de adversidade e com esperança de que num futuro próximo regressaremos à nossa casa", dizem os leões, esclarecendo que irão disponibilizar aos seus sócios "mecanismos de compensação pelos jogos que não foram usufruídos".

Em causa estão os lugares anuais que os sportinguistas adquiriram no início da temporada para assistir aos jogos realizados no Estádio José Alvalade, sendo que ainda faltam realizar cinco das 17 partidas abrangidas pelos lugares de época.

Este é, aliás, um problema comum a todos os clubes, que encaixaram no verão as receitas referentes aos lugares anuais e que agora terão de fazer contas à vida e compensar os seus associados pelos jogos que não poderão ver ao vivo.

Vítor Magalhães, presidente do Moreirense, considerou que o Governo "tomou a medida certa". "As receitas das transmissões televisivas têm um peso superior a 80% no orçamento do Moreirense, o que compensa a desvalorização de ativos e as perdas nas quotizações e nas receitas de alguns jogos. O clube vive com as receitas da televisão e com receitas extraordinárias", assumiu o líder do oitavo classificado da I Liga.

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