"É muito triste ver Lisboa assim, com as salas de espetáculos fechadas"
Tem sido um grande desafio para todos nós, mas realmente é muito triste ver a minha cidade de Lisboa vazia assim, como é triste a falta de apoios à cultura ao longo de todo este tempo.
Embora o confinamento seja agora mesmo necessário, vemos noutros países um cuidado em abrir as salas de espetáculos como prioridade, salas essas que sempre funcionaram com a máxima segurança.
O setor da cultura em Portugal esforçou-se muitíssimo para conseguir essa mesma segurança durante o pouco tempo que nos deram para podermos fazer espetáculos. E nunca houve, até ao momento, qualquer caso de contágio dentro das salas de espetáculo. Os auditórios e teatros são de facto e de longe um dos locais mais seguros da sociedade.
É de extrema importância realçar que não são só os artistas que fazem espetáculos que estão agora sem trabalho.
São milhares de pessoas que são indispensáveis aos mesmos. Muitos deles tiveram de arranjar um novo trabalho, deixando de parte todas as suas próprias qualidades e talento. Falo de excelentes profissionais, músicos e técnicos, promotores e managers, que também têm famílias e que, como todos, precisam de sustento para viver. Chegámos a uma altura de grande desespero de muitos e não tem sido fácil ver e viver o panorama atual. É certo que não devemos nunca perder a esperança e há que tentar reinventar algo, mas realmente estamos a sentir que não nos estão a dar o valor devido nem o justo apoio.
Os artistas não gostam de viver de subsídios, doações ou caridade. Os artistas gostam de criar, de atuar, de fazer viver e valer a sua própria arte. E é só isso que é necessário. Ajudá-los a regressar. Criar medidas para expor e estimular a arte e a cultura. Medidas fortes, úteis e que de facto funcionem.
A cultura é extremamente importante e necessária numa altura destas. É através de todo o tipo de arte - e obviamente da música - que podemos manter uma saúde mental sã e essa, sim, é fulcral que se mantenha. Por isso mesmo, que se reúnam de uma vez por todas todos os esforços para não deixar as salas vazias, os artistas sem rumo e a cultura vazia.