Dostoiévski junta-se à lista de livros proibidos no Kuwait
Os Irmãos Karamazov, do mestre russo Fiódor Dostoiévski, foi um dos cerca de mil livros banidos de um festival literário que abriu portas nesta quarta-feira no Kuwait, onde decorre até dia 24 de novembro.
Saad al-Anzi, que dirige o Festival Literário Internacional do Kuwait, deu conta à AFP da censura deste e de outros 947 livros, que assim se juntam aos cerca de quatro mil já proibidos pelas autoridades nos últimos quatro anos.
Cem Anos de Solidão, do prémio Nobel Gabriel Garcia Marquez, O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo, a adaptação da Disney da Pequena Sereia, que como se sabe usa biquíni, uma enciclopédia com uma imagem da escultura David, de Miguel Ângelo, ou Os Filhos do Nosso Bairro (Children of Gebelawi em Inglês), do Nobel egípcio Naguib Mahfouz, são outros dos livros proibidos pelo comité de censura do Ministério da Informação. 1984 de George Orwell, foi proibido numa tradução, enquanto a outra foi autorizada.
A proibição suscitou protestos em setembro nas ruas e nas redes sociais como o Twitter, onde a hashtag #Banned_In_Kuwait tem sido uma das mais utilizadas para o efeito.
"Agora os livros tornaram-se drogas. Temos de ter os nossos traficantes de livros proibidos", afirmou ao New York Times a ativista Hind Francis, que pertence a um grupo anti-censura do Kuwait, o Meem3.
A censura é feita sob uma lei de 2006 para "a imprensa e publicações" que justifica a censura dos livros mediante ofensas ao islão ou ao poder judicial do país, além de ameaças à segurança nacional e o incentivo a atos imorais. A atual situação contrasta com a forma como até há alguns anos o Kuwait era visto, quando a liberdade cultural do país contrastava com a do restante Golfo pérsico.
"Não há proibição de livros no Kuwait", diz um recente comunicado do Ministério da Informação, citado pelo New York Times. "Há um comité de censura para livros que examina todos os livros."