Os limites para ajuntamentos e espaços perto de escolas que vão vigorar a partir da próxima terça-feira não se aplicam no caso de se tratar de pessoas mesmo agregado familiar. Como tem acontecido até aqui, o limite imposto pela lei contempla uma exceção que se aplica às famílias mais numerosas. No caso das medidas divulgadas esta quinta-feira, as restrições impostas nos restaurantes, cafés e pastelarias que se localizem num perímetro de 300 metros das escolas preveem grupos máximos de quatro pessoas..A mesma ressalva não é especificada, no comunicado do Conselho de Ministros, no que se refere à limitação de quatro pessoas que também passará a aplicar-se nas áreas de restauração dos centros comerciais, mas deverá ter consagração na lei..Terminado o Conselho de Ministros, António Costa anunciou na tarde desta quinta-feira as medidas que vão entrar em vigor no próximo dia 15 para combate à pandemia de covid-19. "Nas últimas três semanas tem havido um crescimento sustentado da evolução da pandemia", sublinhou o primeiro-ministro, apelando a um cuidado redobrado nesta "nova fase" que se inicia: "o comportamento desta pandemia depende do comportamento individual de cada um de nós". Estas são as medidas anunciadas há pouco:.- Os ajuntamentos ficam limitados a 10 pessoas, na via pública e em estabelecimentos, salvo se pertencentes ao mesmo agregado familiar..- Estabelecimentos comerciais (com exceção de ginásios, cabeleireiros ou pastelarias, por exemplo) só devem abrir a partir das 10 da manhã. Supermercados, hipermercados ou cafés podem permanecer abertos até às 23 horas, mas esta decisão, relativa ao período entre as 20h e as 23 horas, poderá ser alterada pelas autarquias..- Haverá regras especiais para restaurantes, cafés e pastelarias que se localizem num perímetro de 300 metros das escolas: neste caso os grupos estão limitados a um máximo de quatro pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar)..- Nas áreas de restauração dos centros comerciais também não poderão juntar-se mais de quatro pessoas por grupo..- Proibição da venda de bebidas alcoólicas em áreas de serviço ou em postos de abastecimento de combustíveis..- Proibição da venda de bebidas alcoólicas, a partir das 20 horas, nos estabelecimentos de comércio a retalho, incluindo supermercados e hipermercados..- Proibição do consumo de bebidas alcoólicas em espaços exteriores dos estabelecimentos de restauração e bebidas após as 20 horas, salvo se se tratar de serviço de refeições..- Até ao final do mês estarão operacionais 18 brigadas de emergência (constituídas por médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico, num total de 400 pessoas) para agir de forma rápida nos surtos em lares..- Recintos desportivos vão continuar sem público..Há algumas medidas que serão específicas para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde se concentram a maioria dos casos de covid-19:.- Governo aprovou um diploma - e vai agora falar com os parceiros sociais - com medidas para que, nas empresas, os trabalhadores fiquem, rotativamente, em teletrabalho e trabalho presencial..- O mesmo para o desfasamento de horários dos trabalhadores: Governo quer horários diferenciados de entrada e saída e horários diferenciados para pausas e refeições..Duas medidas que têm por objetivo reduzir os grandes movimentos pendulares nas duas áreas metropolitanas do país..O uso de máscara na rua, uma dúvida que se levantava neste pacote de medidas, não avança. Mantém-se a situação atual em que o uso de máscara é obrigatório nos espaços fechados..Portugal registou esta quinta-feira mais 585 novas infeções e três mortes..Questionado sobre as "linhas vermelhas" que podem levar o Governo a apertar medidas, António Costa começou por apontar a evolução do número de óbitos, acrescentando-lhe a capacidade de resposta dos cuidados intensivos nos hospitais. "A primeira linha tem a ver com a evolução dos óbitos, não há bem maior do que a vida. Em segundo lugar a capacidade de resposta dos cuidados intensivos. Se de repente todos necessitarmos de cuidados intensivos, o sistema não tem capacidade de resposta. Isso é um indicador importante", sublinhou..Antes, Costa já tinha destacado que, apesar do aumento de novos casos em Portugal, 97,6% das pessoas infetadas não necessitaram de tratamento hospitalar, 2,1% estiveram em internamento e "só 0,3% têm necessidade de intervenção nos cuidados intensivos"..António Costa disse também, na conferência de imprensa desta tarde, que o aumento no número de novos casos também está relacionado com uma maior capacidade de testagem. "Portugal continua a ser um dos países que mais testa os seus habitantes", afirmou o primeiro-ministro, adiantando que a 8 de setembro foram realizados 20 527 testes, um valor recorde. .Segundo os números avançados pelo líder do Executivo no total foram realizados, até ao último domingo, 2 milhões 186 mil testes. .O Serviço Nacional de Saúde está a fazer, atualmente, 14 mil testes diários, mas Costa garante que esta capacidade será aumentada para 21 mil testes/dia. Para além dos serviços públicos de saúde há também 102 laboratórios privados que estão a realizar testes. O primeiro-ministro anunciou um protocolo com o Instituto de Medicina Molecular (IMM) e a Fundação Francisco Manuel dos Santos que "permitirá aumentar de forma muito significativa a capacidade de testagem". "Temos que ter a capacidade de, assim que há um caso suspeito, detetá-lo imediatamente", alertou..A necessidade de deteção precoce dos casos positivos foi também invocada para um novo apelo a que os portugueses usem a app Stayaway Covid, que teve até agora 735 243 downloads. "Neste sistema de prevenção a aplicação é da maior importância, queria renovar o apelo para que haja uma utilização efetiva. Recordo que é anónima, é de descarga voluntária e é absolutamente segura", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando que a aplicação é particularmente importante para quem usa espaços onde se concentra muita gente. "Esta aplicação é particularmente útil para alunos, docentes e outros profissionais das escolas", é "muito importante nas empresas, sobretudo as de maior dimensão" e é "da maior importância para quem é utilizador regular dos transportes públicos"..A situação de contingência entra em vigor em todo o território continental no próximo dia 15 e ficará em vigor durante a quinzena seguinte, altura em que as medidas serão reavaliadas. A situação de contingência é um nível intermédio entre o estado de calamidade e o de alerta, previstos na Lei de Bases da Proteção Civil. O estado de alerta, o menos grave dos três, esteve em vigor durante o verão na generalidade do território nacional. Só a Área Metropolitana de Lisboa permaneceu em estado de contingência. Até ao final de julho, 19 freguesias da AML mantiveram-se em estado de calamidade, devido ao elevado número de casos registados face à média nacional.